;Estou bastante ansiosa e tensa também. A minha expectativa é voltar a viver e sorrir. Não ter vergonha de me olhar no espelho novamente;, disse a moradora do Riacho Fundo 1, cidade do Distrito Federal, que fará a cirurgia em um hospital privado.
Paulina é uma das 65 pacientes que serão atendidas pelo mutirão de cirurgia da reconstrução mamária, que começa amanhã (30) e é resultado de uma parceria da Secretaria de Saúde do Distrito Federal e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. A iniciativa é uma tentativa de reduzir a fila de espera pela operação. Estima-se que de 200 a 300 mulheres aguardam pelo procedimento no Distrito Federal.
Todas as pacientes foram submetidas, no passado, a uma mastectomia (retirada do seio devido ao câncer). Elas foram selecionadas após uma avaliação médica e psicológica e por não terem condições de pagar pelo procedimento, que custa, em média, R$ 15 mil na rede privada. A maior parte das cirurgias será feita amanhã por 120 médicos e 90 profissionais de enfermagem em seis hospitais públicos e sete particulares. As pacientes não terão de arcar com custo hospitalar (material e medicamentos) ou pagamento de honorários médicos. Se for necessário prótese de silicone, o governo distrital irá ceder o produto.
Algumas mulheres esperam pela reconstrução há 15 anos. O subsecretário de Atenção à Saúde, Ivan Castelli, reconhece que a demora para fazer a cirurgia está relacionada à falha do governo distrital em ampliar a capacidade da rede pública. Para agilizar o atendimento, o governo autorizou a extensão da carga horária de anestesistas e pretende também ampliar a jornada dos cirurgiões plásticos.
;O fato de ter fila nada mais é que a incompetência do estado de não fazer esse procedimento em tempo hábil e realizar em menor tempo. É possível que a gente dê continuidade em investimento para que a gente possa atender outras pacientes mais adiante;, destacou o subsecretário.
O diretor do Hospital Regional da Asa Norte, Paulo Feitosa, deve apresentar à Secretaria de Saúde um projeto para a realização das cirurgias em dois sábados por mês com o intuito de zerar a fila de espera. O hospital é referência para esse tipo de operação no Distrito Federal. Em 2010, o hospital fez somente 70 cirurgias de reconstrução mamária. No ano anterior, foram 72 operações.
O coordenador do mutirão, Luciano Chaves, ressalta a importância do projeto para a autoestima das mulheres. De acordo com ele, 65% das pacientes separam-se do marido ou companheiro depois de passarem por uma mastectomia. ;É uma cirurgia de apelo social;, disse.
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica quer tornar o mutirão nacional e levará a proposta à presidenta Dilma Rousseff. A cirurgia de reconstrução da mama faz parte dos serviços ofertados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).