Jornal Correio Braziliense

Cidades

Segundo levantamento, a cada 10 dias pelo menos uma pessoa tem roda roubada

A Esplanada dos Ministérios é alvo constante da ação de criminosos que arrombam veículos estacionados próximos aos prédios públicos

A ação de criminosos interessados em furtar rodas de veículos assola os estacionamentos da região central de Brasília. Levantamento preliminar da 5; Delegacia de Polícia, na área central, mostra que, a cada 10 dias, pelo menos uma pessoa registra queixa sobre esse tipo de crime. Dados levantados a partir de investigações policiais revelam que os ataques ocorrem geralmente durante o dia e em vários pontos da Esplanada dos Ministérios. Entre janeiro e meados de março, houve sete casos na região. Mas a quantidade é ainda maior, pois muitas vítimas não registram ocorrências.

A analista de sistemas Karinne Lemos Silva, 24 anos, teve uma infeliz surpresa ao ver seu carro, um Gol vermelho, com parte da lateral no chão e sem uma das rodas de liga leve, avaliada em R$ 800. Atrasada para um compromisso urgente, a moradora de Santa Maria precisou de ajuda para colocar o estepe. ;Estacionei próximo ao anexo do Ministério da Saúde às 8h15. Quatro horas depois, saí para ir ao sepultamento de um parente de uma amiga e fui surpreendida;, reclamou.

A cena descrita por Karinne se repete com frequência na Esplanada dos Ministérios. Nas últimas duas semanas, apesar de a 5; DP não ter registrado nenhum caso semelhante, servidores públicos contaram ter presenciado dois veículos de funcionários de ministérios sofrerem arrombamentos ou furtos de rodas. ;Está se tornando comum encontrar carros ;no chão;. Na maioria das vezes, levam as quatro rodas. No meu caso, acho que alguém deve ter passado na hora e inibido a ação dos assaltantes;, disse Karinne. Ela registrou ocorrência na 1; Delegacia de Polícia, na Asa Sul.

Dados da Secretaria de Segurança Pública mostram uma redução de 3% nos registros de furtos em veículos na capital federal (leia quadro). As estatísticas, no entanto, não detalham as modalidades do crime ; os assaltantes levam toca-CDs, pneus, rodas, roupas e qualquer objeto de valor à vista. Em 2009, 10.636 pessoas procuraram as delegacias do Distrito Federal para reclamar de furtos no interior de veículos. No ano passado, as estatísticas apontaram queda no número, com 10.536 casos.

Operação

A redução nos dados também está relacionada ao desinteresse da população em registrar a ocorrência. Vítima de dois furtos em menos de quatro meses, o morador de São Sebastião Daniel Luck, 28 anos, revelou-se descrente com a ação da polícia. ;Não adianta nada registrar a ocorrência;, avaliou. Ele, por exemplo, não comunicou o último crime sofrido à delegacia da área. ;Deveríamos ter mais policiamento;, sugeriu.

Luck teve o aparelho de som de seu Corsa levado há quatro meses. Há dois, ele quase sofreu um acidente depois que criminosos tentaram roubar uma das rodas de seu carro. ;Tentaram retirá-la, mas não conseguiram. Dirigi com a roda bamba até a minha casa, sem perceber o problema. No outro dia, ao sair, notei que o carro estava diferente. Parei e vi que dois parafusos estavam soltos;, contou.

Uma ação que os agentes da 5; DP colocarão em prática nos próximos dias tem como objetivo justamente combater os furtos em veículos na região. ;Vou intensificar um trabalho velado na região a partir do levantamento dos casos nos ministérios e abordar os transeuntes e os flanelinhas;, adiantou o delegado-chefe da unidade, Laércio Rossetto. ;Já atuamos da mesma forma no Setor Comercial Norte e conseguimos reduzir bastante o número de ocorrências. A partir desses registros, conseguimos mapear onde ocorrem os crimes;, explicou o delegado. Ele reforçou ainda a importância de as vítimas procurarem as delegacias para que a polícia possa identificar a ação dos bandidos e traçar estratégias para coibir os ataques.