A contaminação de dois bebês pela superbactéria Klebsiella pneumoniae carbapenemase, conhecida por KPC, não representa riscos aos outros recém-nascidos internados no Hospital Regional da Asa Sul (Hras). A afirmação é da diretora do Centro de Referência em Obstetrícia e Neonatologia do Distrito Federal, Roselle Bugarin Steenhouwer, que convocou uma coletiva de imprensa ontem após o Correio revelar com exclusividade no domingo os novos casos da doença. ;O risco de os bebês contaminarem outros pacientes é zero devido ao isolamento, mas na medicina não se pode julgar nada. Os dois casos não têm ligação. Essas crianças estão evoluindo muito bem e respiram sem a necessidade de aparelho. Vamos aguardar que eles ganhem peso para dar alta médica;, explicou.
Essa é a primeira vez que a Secretaria de Saúde identifica casos de KPC no Hospital Regional da Asa Sul (Hras). No ano passado, após um surto, responsável pela morte de 26 pessoas, 78 infectados e 349 colonizados em pelo menos 13 hospitais do Distrito Federal, o centro maternoinfantil passou imune à proliferação. No entanto, viu-se refém de outras três bactérias que mataram 11 bebês em 40 dias. Infectados por Estafilococos, Serratia ou Klebsiella, os recém-nascidos não resistiram aos sintomas (leia Memória). O Hras ficou por mais de dois meses sem realizar partos simples, dando prioridade apenas às gestantes de bebês com má-formação, prematuros ou com outras complicações graves.
Há dez dias, ao identificar os sintomas de KPC nos prematuros, a direção do Hras proibiu a visitação de crianças, parentes e amigos de pacientes. Só os pais e funcionários podem entrar na UTI neonatal. ;Vamos seguir o protocolo, com redução de visitas e isolamento dessas crianças;, garantiu Steenhouwer. O primeiro caso confirmado da superbactéria é de um bebê nascido em 16 de fevereiro, pesando 1,1kg. Ele tem o micro-organismo, mas não desenvolveu a doença. O segundo ; nascido em 18 de fevereiro, com 28 semanas e 1,2kg ; trouxe a infecção da própria mãe, que está internada em estado grave. Além de KPC, ela está com um tumor cerebral.
Material básico
O temor pela proliferação da superbactéria levou funcionários do hospital a denunciarem a escassez de materiais, como luvas, gaze e medicamentos, de pessoal e a superlotação do Hras. Steenhouwer alegou que atualmente há 35 bebês internados e outros 10 à espera de leitos. ;A superlotação é um problema que está sendo analisado, porém a melhora do sistema pode demorar até um ano;, disse. A diretora também voltou a rebater as denúncias sobre a suposta falta de insumos. ;Não faltam materiais na rede. Havia uma carência de hemocultura (usado para colher exames), mas entramos em contato com alguns diretores e conseguimos os materiais. Temos três de reserva.;
O governador Agnelo Queiroz defendeu o abastecimento da rede nos 60 dias de governo. ;Há estoque de material no hospital suficiente para quatro meses. O desabastecimento que encontramos e que existia há anos já está superado. Estamos fazendo agora a ampliação do número de leitos e abrindo novos em cidades como Taguatinga para descentralizar e diminuir o fluxo de pacientes para o Hras, que trata de pacientes de alto risco.;
Combate
Como prevenir infecções hospitalares:
; A principal recomendação é a higienização constante das mãos, com lavagem e desinfecção com álcool em gel a 70%.
; O uso de luvas é importante, principalmente para procedimentos como coleta de sangue. Mas elas não substituem a higienização das mãos.
; Pacientes com micro-organismos altamente transmissíveis devem ser acomodados separadamente.
; Os profissionais devem usar máscaras e proteção durante procedimentos de risco de contaminação de mucosas, como boca, olhos ou nariz.
; Deve-se colocar aventais, sapatos fechados e protetores de calçados.
Casos fatais
Evolução do número de mortes:
6 de outubro de 2010 - 15
22 de outubro de 2010 - 18
5 de novembro 2010 - 22
9 de novembro de 2010 - 22
3 de dezembro de 2010 - 25
4 de janeiro de 2011 - 26