Jornal Correio Braziliense

Cidades

Secretaria de Saúde descarta surto da KPC no Distrito Federal

Dois bebês continuam isolados na maternidade do Hospital Regional da Asa Sul (Hras), sendo que um deles está infectado pela bactéria. Pais estão preocupados com a situação

A Secretaria de Saúde descartou a propagação da infecção pela bactéria Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC) no Distrito Federal e refutou denúncias de que faltam, na rede pública, materiais básicos para higienizar e conter a contaminação, como luvas e gaze. Como noticiado pelo Correio ontem, o Hospital Regional da Asa Sul (Hras) isolou dois bebês e redobrou os cuidados sobre outros 11 internados na UTI neonatal da unidade desde o último dia 5. Um dos recém-nascidos afastados dos demais está colonizado pela KPC, mas não desenvolveu a doença. Quanto ao outro, a mãe, cuja gravidez foi de alto risco, estava infectada pela bactéria, mas a criança permanecia livre de contaminação pelo menos até sexta-feira, quando foi feita a última cultura para verificação.

De acordo com o secretário de Saúde do DF, Rafael de Aguiar Barbosa, o secretário adjunto da pasta, Elias Fernando Miziara, esteve no Hras no início da noite de ontem e constatou que a unidade tem estoque para ;quatro a cinco meses; de itens de uso diário e de medicamentos. ;Pontualmente, uma ou outra coisa pode faltar. Pegamos essa secretaria faltando praticamente tudo e 60 dias é pouco tempo. Mas gaze, luva, antibiótico não faltam na rede;, assegurou. O secretário disse que há cerca de 20 dias liberou dinheiro para os diretores de hospitais do DF, que têm autonomia para adquirir os materiais.

Barbosa afirmou ainda que está alerta e tomando todos os cuidados para impedir um eventual surto de infecção pela KPC no Hras. ;Estamos agindo de acordo com o que é preconizado, isolando pacientes e os acompanhando para evitar qualquer problema. É necessário observar os princípios de assepsia e evitar superlotação. O Hras é um centro obstétrico de alto risco e sempre vai trabalhar no limite de sua capacidade de leitos. Por esse motivo, partos que não se encaixam no perfil devem ser feitos em outras unidades;, declarou.

Preocupação
No sábado, uma funcionária do Hras que não quis se identificar disse que a falta de luvas, gaze, medicamentos e pessoal faz com que os pacientes da unidade corram o risco de contaminação. Ontem, o vigilante Deleon Soares Alves, 26 anos, pai de gêmeos que nasceram prematuros no fim de semana e estão em incubadoras, afirmou ter presenciado a carência de material. ;Vi um médico reutilizar uma luva virando-a do avesso;, denunciou.

A principal preocupação do vigilante, no entanto, é com o perigo de contaminação. Os filhos dele não estão na UTI neonatal em razão da falta de vagas. O pai diz que os gêmeos e mais sete bebês estão em um espaço próximo às baias onde as mães dão à luz. Mas teme mesmo assim. ;Fico temeroso, porque uma UTI sempre tem mais recursos. Outra questão é que quem manuseia os meus filhos são os mesmos que estão próximos a essas crianças em observação. Sei que a bactéria é transmitida pelo contato.;

Quem também tem medo é o funcionário administrativo Francisco Alexandre Ferreira de Macedo, 27 anos. A filha dele tem 11 dias e nasceu com um grave problema de coração. Ela aguarda vaga para cirurgia no Instituto do Coração (Incor) na UTI do Hras. ;Quanto mais tempo ela ficar é pior. Tanto porque ela precisa da cirurgia como por causa da bactéria;, diz. O pai não tem queixas quanto ao trabalho dos médicos no Hras. ;É tudo bem higienizado. Não pegam um bebê e depois o outro;, contou.