Remanescente de um grupo enfraquecido, Jaqueline Roriz (PMN) enfrentará seu tormento político praticamente sozinha. Com o pai fora de cena desde que foi impedido pela Justiça de concorrer, a tendência é que a parlamentar não consiga reunir muitos aliados dispostos a fazer sua defesa pública. Nem entre os colegas de Congresso nem no meio de ex-colegas da Câmara Legislativa. Uma das poucas vozes que deve se empostar em favor de Jaqueline é a da própria irmã, a distrital Liliane Roriz (PRTB). Se provocada, Liliane usará um discurso já ensaiado de que a culpa pelo episódio é do cunhado Manoel Neto. Dirá que foi ele quem pegou no dinheiro. Liliane e Manoel nunca tiveram uma boa relação, o que tornará o processo menos doloroso. Aliás, ela e irmã viveram momentos de afastamento em função da política.
Ainda na Câmara Legislativa, os olhares vão se voltar para Celina Leão (PMN). A distrital coordenou a campanha de Jaqueline em 2006, depois assumiu a chefia de gabinete da filha de Roriz e se elegeu agora pelo mesmo partido da amiga. As duas têm boa relação, apesar de terem se estranhado durante o processo eleitoral em função de estrutura de campanha. Mas Celina sabe que tomar as dores de Jaqueline pode ser, no mínimo, constrangedor. ;Quem proceder à defesa, puxa a suspeita para o próprio colo;, disse um distrital petista.
Chances
Mesmo entre distritais que sempre mantiveram bom relacionamento com o grupo de Roriz, como é o caso de Eliana Pedrosa (DEM) e Olair Francisco (PTdoB), as chances de a filha do ex-governador conseguir palavras de conforto é muito pequena. Eliana é uma parlamentar experiente, se procurada pode até agir nos bastidores para ajudar, mas não faria isso publicamente. Apesar de ter origem nas hostes rorizistas, Olair deve se preservar. No dia a dia do mandato, ele tenta descolar sua imagem da do ex-governador. Não seria em meio a um escândalo que Olair demonstraria proximidade.
Um dos representantes da oposição na Casa, Washington Mesquita (PSDB), tem mantido um discurso alinhado com o de Liliane e Celina. Mas eleito com a ajuda dos fiéis da Igreja Católica, Washington também não tomaria partido numa questão como a crise que cerca Jaqueline. A ala governista na Câmara se dividirá entre petistas, que podem até levantar o debate contra Jaqueline, e do PMDB, que, por ter representantes acusados de envolvimento na Caixa de Pandora, certamente, vão preferir a discrição sobre ao episódio de Jaqueline. Quando ao Congresso, a parlamentar também está em desvantagem. Exceção numa bancada do DF formada por governistas, o que Jaqueline pode esperar dos colegas é um discurso mais afinado com o da cobrança. Pelo menos, publicamente. (LT)