Para boa parte da população, o carnaval é sinônimo de folia e entretenimento. Mesmo quem não aprecia os bailes e as marchinhas típicas das festividades gosta de aproveitar o feriado para viajar ou simplesmente relaxar. Porém setores como transportes, limpeza urbana, segurança e saúde prestam, diariamente, serviços essenciais à população, que precisam ser reforçados durante uma das maiores festas populares brasileiras. Nos segmentos que nunca param, a definição sobre a jornada de trabalho nos feriados é estudada com boa antecedência. Demanda maior ou menor pelos serviços, folgas anteriores, sistema de escala adotado pela empresa, órgão público ou corporação, tudo isso contribui para determinar em qual feriado o funcionário vai trabalhar e por quantos dias, ou horas, será requisitado.
As empresas de transporte público, por exemplo, colocaram um contingente volumoso nas ruas, mas reduzido em comparação com os dias comuns por causa da baixa demanda. De acordo com informações da assessoria de comunicação do Sindicato dos Rodoviários do Distrito Federal, de 20% a 30% de um total de 13 mil motoristas de ônibus e cobradores estão escalados para trabalhar nos dias de folia. Ou seja, de
9,1 mil a 10,4 mil pessoas. A assessoria do sindicato informou que, como muitos moradores de Brasília viajam no período, as empresas do setor convocam quantidade de trabalhadores semelhante à chamada para os fins de semana.
O motorista de ônibus Cícero Amaro, 45 anos, destaca a importância dos serviços básicos para a população. ;É festa para os outros, mas para a gente não há descanso, porque a população não pode ficar prejudicada;, afirma. Para ele, trabalhar durante o feriado é até melhor, pois as ruas estão mais tranquilas. ;O importante é ter um emprego.; Seu colega de profissão Jean Célio, 34, é da mesma opinião. ;Existe muita gente desempregada por aí. Particularmente, não tenho do que me queixar;, garante.
Apesar dos diversos blocos e bailes tradicionais da cidade, muita gente prefere deixar Brasília durante o feriado. Para conseguir suprir a demanda, o Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek conta com milhares de trabalhadores, mas a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) não soube informar quantos estão de serviço este ano. Há pouco mais de três meses na função de agente de aeroporto, Aline Silveira, 23 anos, diz gostar de trabalhar no carnaval. ;Gosto da movimentação, as pessoas passam aqui animadas;, conta.
Excesso de sujeira
Foliões nas ruas também é sinônimo, infelizmente, de lixo fora do lugar. Nesta época, o Serviço de Limpeza Urbana (SLU) sofre para conseguir manter a cidade limpa. Segundo a assessoria de imprensa do órgão, 358 garis vão trabalhar neste carnaval. Desses, 318 vão se alternar em turnos de dois dias. Os 40 restantes terão que comparecer ao serviço nos quatro dias de feriado. ;Para mim, tanto faz trabalhar no feriado. O problema é a falta de educação de algumas pessoas, que deixam muita sujeira espalhada pela rua;, diz a gari Francilene Oliveira, 33 anos. ;Eu não gosto de carnaval de jeito nenhum, então trabalhar ou não acaba sendo indiferente. Prefiro assistir a filmes em casa a ficar no meio das festas;, complementa sua colega Cláudia Brasil, 40.