Os moradores de Santo Antônio do Descoberto que procuram atendimento nos postos de saúde estão entregues à própria sorte. Durante a tarde da última quinta-feira, o Correio visitou 11 dos 18 postos da cidade situada a 45 quilômetros de Brasília e não encontrou nenhum dos médicos credenciados nas unidades que deveriam funcionar de 8h às 17h. Além disso, a jornada semanal de 40 horas de trabalho não é cumprida por nenhum dos profissionais. Já no centro de reabilitação do município goiano, os serviços de cardiologia e ortopedia também não funcionaram porque os especialistas estavam ausentes.
Procurado pela reportagem, o secretário de Saúde de Santo Antônio, Geraldo Lacerda, esclareceu que os médicos trabalham em regime de contrato e só é possível credenciar um profissional por posto. A jornada de trabalho é de 40 horas semanais, com salário de R$ 5 mil. Segundo ele, o Ministério da Saúde repassa R$ 115 mil à secretaria por meio do Programa de Saúde Familiar para custear parte das ações das unidades básicas. Lacerda afirma que, dos 18 postos, apenas o de número 16 está sem um médico credenciado, por estar localizado em uma zona rural. Entretanto, o secretário destaca que os profissionais não cumprem o contrato, faltam ao trabalho ou chegam atrasados.
;No posto 13, por exemplo, o médico tinha que estar trabalhando desde a segunda-feira. Hoje é quinta e ele ainda não foi trabalhar. A coordenação liga e ele não atende. Até que eu faça um novo contrato, isso demanda mais 15 dias, porque eu só posso credenciar outro médico depois que ele apresentar toda documentação. O que pode resolver esse problema é o concurso público, quando cria-se um vínculo com o município;, desabafa. O secretário também comenta que os responsáveis pelo atendimento no centro de reabilitação têm um contrato diferente e trabalham em esquema de plantão, apenas em alguns dias da semana.
A prefeitura de Santo Antônio do Descoberto lançou edital do concurso público para a contratação de médicos, já que o município não possui nenhum no quadro de funcionários. Mas Lacerda não acredita que o exame terá grande adesão, já que o salário é de R$ 3 mil, considerado pouco entre a classe.