As chuvas da semana passada também pegaram de surpresa os alunos no primeiro dia de aula, deixando marcas em sete escolas de Ceilândia. Dos colégios atingidos, quatro ainda contam somente com coberturas de madeira para substituir os muros destruídos na enxurrada de água e granizo. Desde a tempestade da última quinta-feira, as escolas estavam fechadas. A maioria retornou às atividades normais ontem, mas o Centro de Ensino Fundamental 25 (CEF 25), instituição que mais sofreu no incidente, só reabre hoje as portas para os estudantes.
A intensidade da chuva foi tanta que os funcionários do CEF 25 tiveram de abrir buracos nas paredes com picaretas para ajudar o escoamento da água ; em cerca de 10 minutos, mais de um metro da escola estava submersa. O prejuízo com estrutura danificada, livros, material e alimento ainda não foi calculado. Além do muro que desabou, a escola perdeu mais de 14 mil livros didáticos novos. ;Alguns pais e até alunos tentaram vir para ajudar. Estamos preparando tudo, na medida do possível, para que as crianças tenham condições mínimas de começar as aulas;, afirmou o diretor do colégio, Jair Roberto da Silva. Enquanto o levantamento das perdas não é concluído, o CEF 25 deve funcionar com livros e alimentos cedidos por outras escolas.
Assim que a água invadiu o pátio, toda a comida e os utensílios de cozinha, que estavam no local para uma limpeza, foram levados. ;Na quinta-feira tinha copo, prato, biscoito na água. Tudo foi parar na rua;, conta Viviane Pereira Ferreira, 32 anos, diarista, mãe de um aluno. Os estudantes que faltaram às aulas na semana passada se surpreenderam ao encontrar as salas encharcadas. ;Nunca imaginei que a chuva pudesse fazer isso. A escola já está bem velhinha, estava na hora de dar uma ajeitada;, avaliou Gabriela Bezerra, 15 anos, aluna da 8; série.
Prejuízos
Segundo a Regional de Ensino de Ceilândia, as escolas que sofreram as maiores perdas na chuva de granizo estavam entre as mais antigas da cidade. Além do CEF 25, o Centro de Ensino Médio 2 (CEM 2) e as Escolas Classes 31 e 55 perderam muros para a água que se acumulou nas ruas em questão de minutos. Embora o CEM 2 tenha aberto as portas ontem, o auditório da escola ainda estava inundado. A água teve de ser retirada com o auxílio de uma bomba. A Escola Classe 12, que perdeu parte do forro do teto, só não sofreu maiores prejuízos porque um muro com estrutura mais forte foi construído no ano passado. A maioria das escolas sofreu com perda de energia elétrica e a queda das linhas telefônicas.
Para evitar novos acidentes, a limpeza de todos os bueiros de Ceilândia foi concluída ontem. ;Se o serviço que a Novacap fez hoje tivesse sido feito há uma semana, isso não teria ocorrido;, lamentou Nelson Moreira Sobrinho, diretor da Regional de Ensino de Ceilândia. No dia seguinte à tempestade, o Departamento de Engenharia da Regional de Ensino visitou as escolas para estabelecer prioridades no início dos reparos. A reconstrução dos muros das Escolas Classes 31 e 55 e do Centro de Ensino Médio 2 ficará a cargo de duas empresas contratadas para fazer a manutenção periódica das escolas a partir deste mês. O CEF 25 ainda deve ganhar um muro de contenção, para proteger a construção de novas enxurradas.