Duas marchinhas vão embalar a festa do bloco de carnaval Pacotão este ano. Os dois enredos foram escolhidos ontem à tarde, em um evento no Clube da Imprensa. Ao todo, 36 músicas concorreram.Criado em 1977, o Pacotão é o bloco mais tradicional e irreverente do Distrito Federal. Desde o início, as marchinhas exploram críticas e temas polêmicos. A manifestação política e, ao mesmo tempo, bem humorada nasceu após o Pacote de Abril, do presidente Ernesto Geisel, durante o regime militar.
Naquele momento, ele promoveu a reforma do Poder Judiciário, mudou o mandato presidencial para seis anos, criou a eleição indireta para um terço do Senado e aumentou a bancada dos estados menos desenvolvidos. No início de abril de 1977, ele ainda havia fechado o Congresso Nacional.
Em revolta à ditadura, os jornalistas da época inauguraram o Pacotão ; nome em referência ao ato de Geisel. Como forma de protesto, o trajeto do bloco é feito pela contramão da W3 Sul. As marchinhas seguem os acontecimentos políticos dos anos.
A vencedora Mumiarak é de autoria do cartunista André Cerino. Ao mesmo tempo em que a letra comemora a saída do ditador Mubarak do Egito, fustiga os políticos e o Congresso Nacional brasileiro. A segunda colocada, O Vermelho Amarelou, de autoria de um dos integrantes da comissão organizadora do evento, Joka Pavaroti, faz uma crítica ao novo governo de Agnelo Queiroz (PT).
Veja abaixo as letras das marcinhas vencedoras:
MUMIARAK
Autor e intérprete: André Cerino
Mubarak
Mubarak
O Egito é outro
Teu governo é de araque
Lá no Egito a múmia passa mal
O povo pega, joga pedra, mete o pau
Mas no Brasil, quem diria
Múmia se cria no Congresso Nacional
O VERMELHO AMARELHOU
Autor e intérprete: Joka Pavaroti
Ele já saiu no Pacotão de bermuda e de chinelo
O cara era vermelho, mas tá sorrindo amarelo
A Colombina diz que o povo é sifu*
Elegeu o Agnelo, mas quem manda é um Tadeu
O Pierot também já sentiu na pele
Nesse coreto quem manda é Filipelli
Arlequim vive chorando, pelos cantos infeliz
Deu seu voto pro Agnelo e elegeu um assecla do Roriz