O Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans) suspendeu ontem o repasse das verbas do Passe Estudantil, do Vale Transporte e do Passe Cidadão às empresas que realizam o serviço de transporte público no DF. A decisão vale até que se chegue a um entendimento sobre a forma como o dinheiro é gerenciado pela Fácil. A medida foi tomada após três empresas do Grupo Amaral ; Viva Brasília, Rápido Brasília e Veneza ; se recusarem a aceitar a atual prática de pagamento adotada pela empresa.
Pelo atual modelo, o valor da bilhetagem eletrônica deve ser repassado às companhias de transporte diariamente, após o desconto de 3,846% do faturamento, quantia pertencente ao DFTrans. Segundo a Fácil, porém, após um entendimento entre empresários, a gestora passou a repassar de imediato apenas 50% dessa taxa ao órgão do governo. O restante é pago junto com o que cabe às empresas, que devem posteriormente devolver a quantia para a Fácil. A gestora, em acertos quinzenais com o GDF, então repassa o restante da taxa ao DFTrans.
O trâmite, segundo a Fácil, visaria facilitar o pagamento dos custeios imediatos da empresa. Considerando o trâmite de cobrança irregular, o grupo Amaral se negou a repassar as taxas à Fácil, o que fez com que o pagamento das empresas integrantes da rede ; no valor de aproximadamente R$ 100 mil ; fosse suspendido na última quarta-feira. ;Como esse foi um entendimento entre a Fácil e os empresários, pedimos um parecer da Procuradoria do DF para saber se essa retenção de parte da taxa devida ao DFTrans é legal ou não;, afirmou o diretor do DFTrans, Marco Antônio Campanella.
Ele explicou que, como os empresários não chegaram a um acordo ontem sobre o pagamento para o grupo Amaral, o DFTrans resolveu suspender o repasse a todas as empresas. ;Eu não tenho que pagar nada para a Fácil e eles não têm o direito de reter o meu dinheiro, como estão fazendo;, indignou-se Valmir Amaral, em seu segundo dia sem receber repasses da gestora, acumulando um prejuízo de mais de R$ 200 mil.
O diretor da Fácil, Ricardo Gerlier, afirmou que a suspensão do pagamento do grupo Amaral ocorreu também devido ao fato de a empresa estar devendo prestações de compras de ônibus. ;O DFTrans permite que isso seja feito legalmente, mas, como as prestações não estão sendo pagas, tivemos que reter o dinheiro;, explicou. Amaral negou o débito e afirmou que acionará a Justiça.