A liberação do dinheiro destinado às escolas de samba do Distrito Federal, prevista para esta quarta-feira (9/2), não ocorreu. Para resolver o impasse os líderes das escolas de samba estão reunidos nesta manhã com representantes da secretaria de Cultura. Eles cobram celeridade na liberação da verba para custear os desfiles, já que esta a segunda vez que o problema acontece. Inicialmente o dinheiro deveria ter sido depositado no dia 31 de janeiro.
Com apenas 25 dias para a data dos desfiles, algumas delas, mesmo sem o dinheiro, já começaram os trabalhos. É o caso da Associação Recreativa Cultural Unidos do Cruzeiro (Aruc). "Nós sabemos que são vários os problemas burocráticos para a chegada desse dinheiro, com a questão da transparência. Mas nós temos um nome a zelar, já são 30 títulos do carnaval candango e é o aniversário de 50 anos da Aruc. Nós temos alguns fornecedores, já de longa data que, mesmo sem receber, já enviaram material", relatou o presidente da associação, Moacyr de Oliveira Filho.
Ficou acertado que as escolas de samba, neste ano, receberiam o dinheiro por meio de contrato, assim como acontece com as bandas. "O nosso caso não é como o de uma banda, que pode ser contratada num dia e se apresentar no outro. Mas a gente não. Precisamos de tempo para fazer fantasia, montar carros alegóricos e ensaiar. Um ensaio da minha escola, por exemplo, custa R$ 2 mil, porque tem aluguel de equipamento de som, segurança", explica Moacyr.
Atrasos nos preparativos
O presidente Aruc confirmou que o Governo do Distrito Federal (GDF) ainda não repassou os R$ 400 mil que deveria ter sido entregues a cada escola de samba no último dia 31. O valor inteiro do repasse para às 17 escolas está previsto em R$ 3,57 milhões.
De acordo com o presidente, o compromisso havia sido acertado em uma reunião em janeiro deste ano. "A promessa era de que a primeira parcela seria entregue no dia 31. Hoje é dia 9 e não recebemos nada ainda. O que se sabe é que a Secretaria de Cultura atrasou no envio dos processos à Procuradoria. O documento só teria ido na última sexta-feira", afirma Moacyr.
"Será o carnaval com menor tempo hábil. Teremos 25 dias, se não houver mais atrasos, para terminar as fantasias e os carros alegóricos", lamenta o presidente. A última vez que as escolas tiveram tão pouco tempo para concluir os trabalhos foi em 2007. Cada escola teve 28 dias para colocar tudo em ordem para o desfile.
Moacyr explica que algumas escolas de samba já criaram dívidas, pois compraram materiais, começaram a fazer fantasias e a pagar os ensaios. No caso da Aruc, ele conta que as fantasias dos 1,2 mil componentes começaram a ser feitas, apenas os quatro carro alegóricos estão paralisados a espera da verba. "Na área das fantasias começamos devagarzinho, mas sem dinheiro não tem como bancar os carros. É preciso mão de obra. Carnaval não é como show que você contrata, tem que construir e confeccionar", diz o presidente da Aruc.
O presidente da Aruc compara, ainda, a situação com a tragédia acontecida na manhã de segunda-feira (7/2) quando barracões de três escolas de samba do Rio de Janeiro pegaram fogo. "De qualquer forma, esse atraso para o carnaval de Brasília é um incêndio igual ao no Rio de Janeiro", compara. Para o presidente, o prejuízo será muito grande.
O presidente espera que a situação seja resolvida logo e que o governo possa dar uma satisfação as escolas de samba. "Esperamos que a Secretaria de Cultura agilize esses procedimentos burocráticos. Estamos tentando negociar desde outubro na gestão passada. A documentação estava toda entregue e os valores acordados, só queremos saber por que demorou tanto tempo para a secretaria encaminhar o processo? Estamos chegando em uma situação crítica", finaliza.