Uma criança de dois anos morreu afogada ontem, em uma escola particular da Asa Sul. O acidente aconteceu durante uma aula de natação no Colégio Dromos, na Quadra 609. Daniela Camargo Casali, que completaria três anos em julho, estava em uma piscina rasa, na companhia de dois professores e de cerca de 10 crianças. Por volta das 14h30, ela se separou do grupo e escapou para a piscina maior e mais profunda, que fica ao lado, separada por um portão. Um dos funcionários percebeu a ausência da menina quando ela já havia se afogado. Daniela foi levada ao Hospital Santa Lúcia, na Asa Sul, mas não resistiu.
Tão logo tomaram conhecimento do acidente, os professores chamaram o Corpo de Bombeiros, mas, antes mesmo da chegada do socorro, levaram a vítima à unidade de atendimento em um carro da própria escola. Ela chegou ao hospital com quadro de parada respiratória. Dois médicos tentaram reanimar a criança durante 20 minutos, mas não conseguiram salvá-la. Os pais foram avisados sobre a tragédia e seguiram diretamente para o Santa Lúcia, onde receberam apoio de psicólogos. Representantes da escola também foram ao hospital para conversar com a família.
Ontem foi o segundo dia de aula de Daniela Casali no colégio. No ano passado, ela frequentou outra escola da cidade. De acordo com depoimento de funcionários, havia dois professores acompanhando as crianças, além de três assistentes. Nenhum soube explicar como a menina se afogou. A piscina rasa é separada da segunda, de maior profundidade, por uma grade. Entre elas, há um portão. Ninguém viu como Daniela passou de uma área para outra e os responsáveis não souberam dizer à polícia se a passagem estava aberta ou se a garota passou através das grades. A Polícia Civil vai investigar o caso para saber o que aconteceu no momento do acidente.
Filha única
Daniela Camargo Casali era filha única de um casal de servidores públicos. Alexandre Tavares Casali, 42 anos, é militar e Luciana Camargo Casali, 40, trabalha na representação do estado de Santa Catarina na capital. A família mora na SQS 209. Os pais estavam inconformados com a morte da menina e não quiseram conversar com a imprensa. Segundo familiares, a mãe tentou engravidar durante 15 anos antes de dar à luz a garota.
O militar Cláudio Casali, tio da vítima, conta que os pais sonhavam com a filha antes mesmo da chegada dela. ;Minha cunhada fez umas cinco inseminações artificiais. Quando a Daniela nasceu, foi uma alegria só. Ela chegou na mesma época em que a minha mãe morreu, então trouxe alegria à família. Estamos todos inconformados com essa tragédia;, disse Cláudio.
Segundo o tio, Daniela era apaixonada por natação e já fazia aulas antes de ser matriculada no Colégio Dromos. ;Estou muito impressionado com tudo o que aconteceu porque, na véspera, conversei com meu irmão e com a minha cunhada sobre isso, discutimos sobre a segurança das aulas nas piscinas, se seria necessário usar uma boia ou não. A Daniela adorava água;, relembra Cláudio Casali. A vítima cursava o jardim de infância e o curso de natação faz parte da grade regular do colégio.
A família está revoltada. ;Como é que uma criança se afoga na frente de vários professores e ninguém faz nada?;, questiona o tio da menina. ;É preciso fazer uma investigação séria porque certamente faltou supervisão durante a aula de natação. Estamos muito indignados e exigimos providências;, finaliza Cláudio Casali. No fim da tarde de ontem, ele foi ao Colégio Dromos para ver o local onde a sobrinha se afogou. A família prevê para hoje a realização de um velório na capela do Hospital das Forças Armadas. O corpo da menina deve ser cremado amanhã.