Jornal Correio Braziliense

Cidades

Apreensões de crack triplicaram entre 2009 e 2010 no DF

Levantamento da Secretaria de Segurança Pública do DF revela que a quantidade de apreensões triplicou entre 2009 e 2010. No mesmo período, os flagrantes envolvendo cocaína cresceram 29,25%. Os demais tipos de entorpecentes tiveram redução

O efeito devastador do crack é percebido por qualquer cidadão que caminhe na área central de Brasília, em Taguatinga e em Ceilândia ; nessa última, os viciados fizeram dos bueiros a residência oficial. Mas a velocidade com que a droga se alastrou pelo Distrito Federal começa a aparecer agora nas estatísticas da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF). Balanço divulgado ontem revelou que em 2010 as apreensões das pedras triplicaram em relação a 2009. A polícia retirou das ruas 35,6kg do entorpecente contra 11,9kg recolhidos no ano anterior. Isso representa um aumento de 199,15%. Já as apreensões de merla estão em queda. A SSP-DF mostrou ainda redução na apreensão de armas e crescimento nos homicídios dolosos, decorrentes dos acidentes de trânsito (leia arte). Já a criminalidade de forma geral caiu, como adiantou com exclusividade o Correio ao longo da semana.

Na avaliação do diretor da Divisão de Estatística e Planejamento Operacional (Depo) da Polícia Civil do DF, Ronaldo Almeida da Silva, o crescimento do crack e a diminuição da merla podem ter ocorrido porque são equivalentes no preço e no acesso. ;Com a chegada do crack, os usuários migraram para o que era novidade;, explicou. Para Almeida, o incremento das apreensões das pedras não está relacionado apenas
ao crescimento do consumo e da distribuição. ;A polícia tem feito operações em locais onde as pessoas se reúnem para fazer uso da droga, e a inteligência tem atuado para chegar aos traficantes. A partir do momento em que se intensificam as ações policiais, isso se reflete no aumento das estatísticas;, afirmou.

O balanço da SSP-DF revelou ainda um crescimento de 29,25% nas apreensões de cocaína. Em compensação, houve redução nas ocorrências envolvendo maconha, heroína, haxixe, ecstasy e LSD. ;Heroína, ectasy e LSD são drogas mais caras e raramente são apreendidas em Brasília;, disse o diretor da Depo. A participação da sociedade em parceria com a polícia é apontada por integrantes do órgão como fundamental para combater esse tipo de crime.

O diretor de Avaliação, Fiscalização e Análise da SSP-DF, coronel Jailson Ferreira Braz, afirmou que a denúncia dos moradores é essencial para o combate ao tráfico e ao uso de drogas. ;O cidadão pode ligar para o (serviço) 190, o 197 ou o 181 para comunicar fatos suspeitos. A denúncia pelo 181 é anônima, e a pessoa fica com um protocolo para acompanhar o que a polícia fez a respeito. Às vezes, as ações demoram porque é preciso conseguir provas;, explicou.

O crescimento do número de acidentes fatais e de mortos nas vias do DF também aparece nas estatísticas de crimes da SSP-DF. A quantidade de homicídios culposos (sem intenção de matar) cresceu 22,5% em 2010, na comparação com o ano anterior. Foram 375 casos em 2010 e 306 em 2009. A taxa que leva em conta o número de ocorrências por habitante também aponta crescimento de 19,8%.

Ações integradas
Ao avaliar a criminalidade no DF, o coronel Jailson ressaltou que a análise dos dados deve levar em conta a metodologia aplicada para a elaboração das estatísticas. Segundo ele, no DF as tentativas de homicídio são acompanhadas por 45 dias após o fato. Depois, as informações são cruzadas com dados do Instituto de Medicina Legal (IML) e com as investigações do crime. ;Se a pessoa morreu nesse intervalo de tempo, deixa de ser tentativa e entra para o quadro de homicídio. Portanto, temos um quadro bem próximo do real, o que não ocorre em algumas unidades da Federação, onde os índices podem até ser menores;, destacou.

Para o coronel Jailson, os índices de criminalidade têm caído em função de operações integradas das forças de segurança pública e de ações específicas. Entre elas, a Chronos, que fiscaliza os sentenciados com o regime aberto. Outra operação citada é a Prenda Seu Ladrão, em que cada policial tem a obrigação de cumprir pelo menos um mandato de prisão. A SSP-DF não divulgou as cidades com o maior número de ocorrências criminais. A informação, segundo o órgão, é considerada estratégica para fechar o cerco aos marginais.

Comentário dos internautas
Confira o que se escreveu na internet a respeito de reportagem publicada ontem pelo Correio Braziliense sobre a redução nos índices gerais de criminalidade:

Fábio Almeida
Essa pesquisa da Secretaria de Segurança Pública é para inglês ver. É uma pesquisa virtual, pois o povo sente na pele a insegurança. Nem precisa ler jornal, ver televisão ou escutar rádio. As pessoas já presenciam assassinatos, estupros e roubos à mão armada. Então, quem a polícia quer enganar?

Hildo Evaristo
Não acredito nesses números, pois conheço muitos que sofreram assaltos, roubos, agressões, que não procuram a delegacia para registrar queixa. A criminalidade no geral é maior que a apresentada. Blefe!!

Décio Félix
Se virem os casos de assassinato, a maioria dos criminosos já tiveram passagem pela polícia. Temos que pressionar o Congresso para mudar as leis, que são frágeis. Um absurdo um cara matar e cumprir um terço da pena e estar solto. As leis no Brasil são complacentes com a criminalidade. A Justiça é lenta.

Aloísio Alves
O índice de homicídios está ligado diretamente ao tráfico de drogas. Não existe uma política de combate a isso. As ações acontecem num fim de semana, mas na semana seguinte a coisa está do mesmo jeito.

Leonardo Rocha
Os índices também são subestimados, pois é uma constante a pessoa ser assaltada ou furtada e, infelizmente, não registrar a ocorrência policial. Por outro lado, é comum o sujeito registrar ocorrência de furto de veículo e descobrir que tinha esquecido onde
estacionou o carro.

Helder Macedo
Realmente caiu: do ;extremamente absurdo; para o ;simplesmente absurdo;. Lisboa tem um pouco mais de 2 milhões de habitantes e registrou, em 2005, 15 homicídios. Repito: 15 homicídios!!