A defesa de Adriana Villela passou o dia elaborando o pedido de habeas corpus da arquiteta, mas, até as 21h30 de ontem, não havia protocolado o documento no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios. O advogado Rodrigo Alencastro garante não haver elementos concretos que justifiquem a nova prisão de sua cliente e classifica a detenção como ;absurda e injusta;. ;O juiz reiterou os argumentos da prisão temporária decretada no ano passado, de que ela estaria atrapalhando as investigações. Isso é absurdo porque, desde o início, a Adriana esteve à disposição da polícia e da Justiça fornecendo todas as informações que lhe foram requisitadas;, defendeu.
Adriana Villela foi presa na manhã de ontem, no Rio de Janeiro, onde passava férias. A filha do casal Villela estava em Ipanema e, segundo a defesa, antes de viajar, pediu autorização judicial e informou o endereço onde estaria hospedada na capital carioca. A prisão foi feita por agentes da Coordenação de Crimes contra a Vida (Corvida), com apoio de policiais da Delegacia de Polícia Interestadual do Rio de Janeiro (Polinter).
A filha do casal Villela embarcou, com um vestido azul, no Aeroporto Santos Dumont em voo comercial que chegou a Brasília às 17h50. A polícia montou um esquema especial para despistar a imprensa e impedir imagens dela. Adriana não passou pela área de desembarque do aeroporto, com os outros passageiros: desceu do avião e, ainda na pista, entrou em um carro da Polícia Federal que a aguardava. Ainda na área do terminal, a acusada foi transferida para um veículo preto descaracterizado, da Polícia Civil, que a levou ao Instituto de Medicina Legal (IML).
A passagem da arquiteta pelo IML foi rápida. Ela chegou ao local as 18h37. Usava óculos escuros e estava com o cabelo preso em um coque desarrumado. Ficou lá por apenas 5 minutos, tempo suficiente para a realização de exames de corpo de delito. Entrou por uma porta lateral cercada por agentes e saiu pela entrada principal. De lá, seguiu para o presídio feminino no Gama.
Segredo de Justiça
O Tribunal de Justiça do DF não divulgou a determinação do juiz Fábio Francisco Esteves porque o caso está sob segredo de Justiça. O advogado Rodrigo de Alencastro informou que, na decisão, o juiz escreve que a prisão se justifica para garantir a ordem pública e a instrução criminal. A defesa elaborou um novo documento intitulado Memorial dos filhos de José Guilherme Villela e Maria Carvalho Mendes Villela em que, a exemplo do primeiro, relata supostas falhas da polícia e contradições em depoimentos dos demais acusados. Além disso, a defesa chama a atenção para erros e conflitos internos da Polícia Civil que estariam contribuindo para prejudicar a filha do casal assassinado.
O caso da 113 Sul é recheado de escândalos que fragilizaram a imagem da Polícia Civil. Logo após o inquérito ser transferido 1; Delegacia de Polícia (Asa Sul) para a Corvida, descobriu-se que os investigadores da unidade da Asa Sul tinham ;plantado; provas na casa de moradores de Vicente Pires para incriminá-los. Um deles denunciou ter sido torturado para confessar o crime. Meses depois, um novo escândalo. A 8; DP, em uma investigação paralela, prendeu o ex-porteiro do prédio, Leonardo Campos Alves, 44 anos, que confessou o crime. A conduta dos policiais é alvo de investigação do Núcleo de Investigação e Controle Externo da Atividade Policial (NCAP) do Ministério Público do DF.