Durante nove meses, os fotógrafos Isabela Lyrio, 29 anos, e Arthur Monteiro, 32, que vivem juntos há mais de três anos, viajaram pelo mundo. Estiveram na China, na Índia, no Nepal, no México e na Guatemala em busca de belas imagens e de autoconhecimento. Há um mês de volta a Brasília, eles montaram uma exposição multimídia com o resultado de sua expedição. Usarão projeções na parede para mostrar 130 das 15 mil fotografias tiradas na viagem, no Box 3 Cia de Arte, na 309 Norte.
Quem quiser conhecer o trabalho do casal deve agendar por telefone a visita, que é gratuita, para grupos de oito a 10 pessoas. Isabela e Arthur desenvolvem um projeto de levar esse material às escolas do DF, para auxiliar nas aulas de história e geografia.
O casal quer compartilhar com o público a experiência inesquecível, como eles mesmos descreveram, de estar mais perto de outras formas de viver. Para embarcar no projeto, os dois economizaram durante muito tempo. Deixaram os empregos, alugaram o apartamento que dividem no Lago Norte, arrumaram as malas e partiram. Na Índia, enfrentaram temperaturas de até 47; C, sem contar o mau cheiro e a pobreza extrema nas ruas locais. Arthur ficou doente, depois de contrair uma amebíase. Emagreceu 6kg em dois meses.
Nada disso desfez o encantamento que a dupla sentiu pelo país. ;A Índia te invade e não te dá trégua. O olhar do indiano é muito forte. Você vê uma criança, tão pequena, com uma expressão forte no rosto, que é uma sensação indescritível;, afirmou Isabela. ;Eu saí de lá jurando que não voltaria mais. Mas mudei de ideia muito rápido. Todo mundo deveria ir à Índia um dia;, disse Arthur. Para quem tem a curiosidade, mas não possui condições no momento, é possível dividir com os fotógrafos essas perspectivas.
Naquele país, o casal visitou Dharamsala, onde vive exilado o dalai-lama. Isabela e Arthur encontraram o líder espiritual tibetano duas vezes. A santidade participava de palestras e de outros eventos que lembravam os 50 anos de seu exílio, desde que ele deixou o Tibete (território invadido pela China), em busca de uma solução pacífica para o conflito. ;Ele transmite uma paz. Foi muito emocionante. Ele entoa mantras com uma voz tão firme!”, destacou Isabela, que se valeu da valiosa tradução de um monge para entender as palavras do dalai-lama.
Depois da Índia, os dois seguiram para algumas regiões da China, visitaram o México e, por último, a Guatemala. Fizeram todo esse trajeto carregando quatro máquinas fotográficas, duas analógicas e duas digitais. Só em fotografias analógicas, eles acumulam mais de 100 rolos de filme, equivalentes a 3,5 mil fotos.
Com esse material, vão organizar outra exposição chamada A China de plástico. ;Compramos câmeras Lomo (modelo russo antigo, com lentes de plástico) feitas na China, usamos filme chinês e revelamos no país. Tudo isso para lembrar que a China é a fábrica do mundo, onde mais se produz lixo. É uma crítica construtiva ao mundo e não só ao país;, explicou Arthur. De volta a Brasília, Isabela e Arthur sentem-se mudados. ;Depois de ver tanta coisa, você volta mais paciente, dando mais valor à vida. Fica até mais paciente no trânsito, sem entender por que as pessoas brigam tanto;, concluiu Isabela.
LÍDER ESPIRITUAL
Tenzin Gyatso, conhecido como Sua Santidade, o 14; dalai-lama, é líder temporal e espiritual do povo tibetano. Nasceu em 6 de julho de 1935, em uma família de camponeses. Seu nome original era Lhamo Dhondup até o momento em que, aos dois anos, ele foi reconhecido como sendo a reencarnação de seu antecessor, o 13; dalai-lama, Thubten Gyatso.
VEJA DE PERTO
Para visitar a exposição, ligue para Arthur (9553-2727) ou Gustavo (9975-1781 e 3201-3434).