O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios garantiu ontem o pagamento da verba rescisória para os 1,5 mil funcionários da Real Sociedade Espanhola Beneficência, autorizada pela Justiça do DF a prestar serviço no Hospital Regional de Santa Maria por mais 90 dias. O promotor Moacyr Rey disse que a decisão judicial não desobriga o Governo do Distrito Federal (GDF) a pagar os direitos trabalhistas de quem ficou ou optou em não continuar na unidade de saúde. ;Todas as verbas trabalhistas serão pagas;, afirmou. Enquanto isso, a insatisfação dos servidores e a falta de médicos têm gerado demora no pronto-socorro.
O governo local tem 10 dias para apresentar um plano de retomada do hospital para a gradativa substituição dos profissionais e a contratação emergencial dos serviços pendentes. A decisão foi anunciada na última quinta-feira pelo juiz Donizeti Aparecido da Silva, da 8; Vara de Fazenda Pública do DF, em caráter excepcional. Na sexta-feira, o promotor esteve reunido com enfermeiros, técnicos em enfermagem e o pessoal do apoio administrativo do hospital. Do total de funcionários, muitos não continuaram a trabalhar no último dia 21, quando o contrato de dois anos com a organização social terminou.
Aqueles que ficaram reclamam das condições de trabalho e da disparidade de salários entre eles e os servidores públicos. Mesmo desempenhando a mesma função, um técnico de enfermagem do GDF chega a ganhar três vezes mais do que um funcionário da Real Sociedade. Ainda trabalha 14 horas menos. Os funcionários têm a opção de serem contratados temporariamente pelo governo, até que as vagas sejam ocupadas por servidores públicos. Eles tentarão se reunir hoje com o secretário de Saúde do DF, Rafael Barbosa.
Ontem pela manhã, apenas um médico estava disponível, segundo informações obtidas pelos próprios pacientes. Quem esteve na emergência reclamou do tempo de espera. Com o braço esquerdo dolorido e acompanhada dos dois filhos pequenos gripados, a dona de casa Marlene dos Santos, 30 anos, não sabia se insistia na fila. Por quatro dias, ela tem tentado uma consulta no hospital de Santa Maria. ;Eu tento consultar e não consigo. Meu braço não mexe nem para um lado nem para o outro. Eles mandam a gente aguardar e nada. Ontem, eu esperei mais de quatro horas até chegar a minha vez , só que me falaram que não tinha ortopedista;, reclamou.