O desnivelamento da Ponte JK, responsável pelas constantes oscilações na pista, foi corrigido provisoriamente. Após uma vistoria realizada na manhã desta sexta-feira, projetistas e engenheiros que trabalharam na construção do monumento, há oito anos, identificaram a fonte do problema. Com a falta de manutenção, uma das peças de apoio à estrutura teria se desgastado. Dessa forma, a pista oscilava com a passagem dos veículos. A fissura ultrapassou 4 centímetros de largura. Ao longo do dia, técnicos e funcionários da Novacap colocaram um calço de madeira entre um pilar e a pista como medida emergencial.
Na próxima semana, a Secretaria de Obras deverá comprar novas peças para substituir as atuais. O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, garantiu monitoramento constante e manutenção frequente das pontes e dos viadutos do Distrito Federal, para evitar novos sustos. No caso da JK, ele considerou as oscilações como ;página virada;. Disse que a licitação para escolha da empresa responsável pela manutenção já estava em curso. ;Também é um risco ao patrimônio da nossa cidade. Não podemos passar anos com uma estrutura dessa sem manutenção. Não queremos que isso aconteça novamente na nossa cidade;, afirmou.
O secretário de Obras, Luiz Pitiman, também garantiu o monitoramento e a manutenção de agora em diante. ;A manutenção visual será realizada quando houver necessidade e, a cada três anos, será realizada uma manutenção mais séria;, explicou. Ele disse ainda que o trânsito não precisará ser novamente interrompido para a troca das peças. Pitiman deverá entrar em contato com o Tribunal de Contas do Distrito Federal na próxima segunda-feira para comprar o equipamento necessário para a reforma definitiva por meio de contrato emergencial ; sem licitação.
O tipo de construção difere a Ponte JK das demais. Em vez de ser sustentada por pilares, a pista fica pendurada por cabos de aço presos aos três arcos brancos. Na parte inferior, quatro tabuleiros ; blocos de concreto ; auxiliam na absorção do peso dos veículos. Cada um deles conta com quatro aparelhos de apoio. Com o desgaste de uma dessas peças, graças à falta de manutenção, a estrutura ficou bamba. O problema foi identificado na última quinta-feira, quando um ciclista informou ao Corpo de Bombeiros sobre as fortes oscilações. Naquele dia, o trânsito no local ficou interrompido por seis horas para o primeiro contato dos técnicos com a dilatação localizada quase no meio do monumento. Ontem, o trânsito ficou engarrafado na volta para casa.
Vistoria
Por volta das 7h de ontem, funcionários da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), agentes da Defesa Civil e bombeiros realizaram uma inspeção na parte interna da estrutura. A vistoria durou uma hora. Segundo a equipe, não havia comprometimento dos cabos de aço, infiltração ou corrosão na estrutura. O pedaço de madeira foi encaixado no espaço vazio ao longo da tarde. O Departamento de Trânsito (Detran) instalou um radar móvel próximo ao desnível para controlar a velocidade dos veículos nos dois sentidos. A velocidade máxima permitida nas seis pistas da construção é de 60 km/h, mas o órgão recomenda que os motoristas andem a 40 km/h. Os ônibus, que estavam proibidos de passar pelo local, foram liberados no fim do dia. Os caminhões devem optar por caminhos alternativos até a troca definitiva das peças.
No início da noite, toda a extensão da ponte estava sinalizada com cones alertando os motoristas sobre a redução da velocidade. Na última quinta-feira, o Detran montou um ponto de bloqueio para ônibus e caminhões na altura do viaduto que dá acesso ao Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), a cerca de 1km da ponte. A Polícia Militar fez o mesmo no outro extremo. Todos os veículos pesados eram desviados para a Ponte Costa e Silva. Ainda ontem, motoristas curiosos trafegavam pela ponte em baixa velocidade para ver de perto o desnível.
Colaboraram Lucas Tolentino, Saulo Araújo e Luiz Calcagno