Jornal Correio Braziliense

Cidades

Alunos embarcam para EUA para participar de conferência em Harvard

Estudantes de ensino médio de Brasília estão se preparando para atuar como diplomatas em um dos principais modelos de simulação da Organização das Nações Unidas (ONU), realizado nos Estados Unidos. A turma, composta por alunos de três colégios locais, vai para Boston participar do Harvard Model United Nations (Hmun), conferência organizada pela renomada Universidade de Harvard. Lá, serão reproduzidos os comitês em que os delegados da ONU discutem os grandes problemas do mundo atual.

Em sua 56; edição, o Hmun, que se realiza entre os dias 25 e 30 próximos, reunirá mais de três mil estudantes secundaristas, originários de cerca de 200 escolas de vários países do mundo. Os participantes dividem-se em delegações e cada uma delas representa um país. Quatro delas sairão de Brasília. Duas congregam 25 alunos do Sigma e defenderão os posicionamentos de pequenas nações africanas, Reiterai e Lesoto. Outra é formada por 13 jovens do Leonardo da Vinci, designados para a sul-americana Guiana. O Colégio Militar, por sua vez, enviará 10 alunos, nomeados para a europeia Croácia. Seguem também delegações de outras duas escolas: The British School (ou Escola Britânica) do Rio de Janeiro e Pan American School (ou Escola Panamericana) da Bahia.

Os estudantes tiveram que pesquisar muito. Um dos aspectos avaliados pela organização do Hmun é o nível de conhecimento da política externa adotada pela nação representada. ;Eu não sabia nada sobre a Guiana;, admite João Pedro Pena, 16 anos, integrante da delegação do Leonardo da Vinci e aluno do 3; ano, destinado ao Comitê de Economia e finanças. ;Conversamos com o embaixador e com um ministro do governo de lá que estava de passagem por Brasília;, conta.

Comitês
A estudante do 3; ano Kátia Crys Moura Ogliari, 18 anos, faz parte do Comitê de Descolonização. Ela é aluna do Colégio Militar e partilha com os colegas a experiência de ter integrado a delegação enviada pela escola ao Hmun do ano passado. ;Lá, a sala ficava lotada. Às vezes tínhamos que esperar por duas horas até que chegasse nossa vez de falar ao microfone;, lembra.

Além do Hmun, Kátia participou de duas edições da Simulação das Nações Unidas para Secundaristas (Sinus), promovida por estudantes de relações internacionais da Universidade de Brasília. Assim como a jovem, os outros delegados do DF já tomaram parte em pelo menos um modelo de simulação. O estudante do 3; ano do Colégio Militar Danilo Barbosa Garrido, 16 anos, foi delegado na Sinus e na Mini-ONU, realizada em Belo Horizonte pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. ;Em um dia que a gente passa nesse tipo de evento, dá para aprender mais do que um dia inteiro de aula de geografia;, avalia.

A preparação dos alunos também é feita em simulações internas. A mais antiga é a do Sigma, Sigma-Mundi, idealizada em 2000 pelo professor de geografia Washington Cândido, que acompanhará as delegações como conselheiro. Ele ensinou os alunos a pesquisar de acordo com metodologias científicas e a elaborar os ;documentos de posição;, que devem ser enviados previamente à organização da conferência americana. Nesses textos, cada delegado esclarece o posicionamento de seu país em relação a tópicos preestabelecidos, que serão discutidos em sessões diárias nos comitês. ;Nesses debates, o jovem adquire habilidades de oratória e aprende a se comportar sob tensão;, diz o professor.

Intercâmbio
Nem todos os participantes do Hmun desejam cursar relações internacionais. O estudante do 3; ano do Sigma Gabriel Bayomi, 17 anos, pretende estudar engenharia elétrica. ;Antes de participar das simulações, eu costumava ficar muito nervoso ao me posicionar na frente de estranhos;, revela Gabriel, empolgado com a possibilidade de conhecer pessoas dos mais diversos lugares.

Para participar do Hmun, cada delegação precisa preencher um formulário em que traça seu próprio perfil. O país a ser representado é definido a partir desse documento, analisado pela organização da conferência. Durante o evento, a mesa diretora de cada comitê avalia a participação dos delegados em quesitos como habilidade para argumentar e persuadir outros delegados. Os delegados que mais se destacam recebem menção honrosa.

Os colégios participantes podem pedir ajuda de custo à organização do Hmun. O Leonardo da Vinci garantiu verba no valor de US$ 485 para cada delegado. ;Isso vai nos ajudar em transporte, hospedagem, mas está longe de cobrir tudo. O resto é ;paitrocínio; e ;mãetrocínio;;, resume um aluno. O Colégio Militar receberá US$ 565 dólares para cada delegado. O Sigma, entretanto, não obterá qualquer auxílio.