Jornal Correio Braziliense

Cidades

Detalhes da execução do auditor do TCU permanecem sem explicação

A história do assassinato do auditor do Tribunal de Contas da União (TCU) Omir José Pereira Lavinas, 48 anos, se mantém em mistério, mesmo após a prisão do último envolvido no crime. Moisés Nogueira Silva, 29 anos, morador da Asa Norte, foi localizado domingo passado por agentes da 2; Delegacia de Polícia, na Asa Norte, e apresentado ontem à imprensa. As autoridades não deram detalhes sobre o motivo do crime nem permitiram perguntas ao acusado. De acordo com o delegado Antônio João Dimitrov o suspeito confessou ser o executor dos quatro disparos que atingiram a vítima no último dia 9.

A polícia investiga o envolvimento de mais quatro pessoas no caso. Duas delas estão detidas desde a última quinta-feira. Tratam-se de Cristiano Barros da Silva, 31 anos, e um adolescente de 16 anos, ambos moradores de Ceilândia. Eles teriam chegado a Omir por meio de Moisés. As outras duas pessoas não tiveram a identidade revelada, porque, segundo a polícia, não há relação direta com o assassinato. Apesar disso, Dimitrov informou que ambas estariam no carro no momento da execução.

;O autor conheceu a vítima na noite anterior ao crime em um bar na 306 Norte. Eles passaram a noite inteira bebendo;, informou o delegado, contrariando a informação de que os dois seriam conhecidos há mais tempo. ;Moisés disse que estava dirigindo o carro da vítima porque Omir já parecia estar embriagado. Eles passaram por vários bares e, a caminho de Águas Lindas (GO), tiveram um desentendimento. O autor não esclareceu como foi essa discussão, mas informou que foi por causa dela que matou o auditor;, completou Dimitrov.

Outra novidade no caso é que a execução teria ocorrido no local em que o corpo foi encontrado, às margens da BR-070, próximo à divisa com Goiás ; entre Ceilândia e Águas Lindas. A polícia acreditava que Omir teria sido morto em outro local, sendo a BR-070 só o ponto de desova do corpo.

Roubo
O veículo da vítima, um Logan cinza, foi encontrado em Ceilândia, para onde Moisés teria ido após o assassinato. A cidade seria o endereço de um conhecido dele. De acordo com o delegado da 2; DP, o autor disse à polícia que almoçou na casa de um amigo. ;Foi nesse local que tiraram o aparelho de som do carro da vítima, pneu e estepe e passaram para uma outra pessoa. Um receptador;, informou. Ele se referia a Cristiano, que tem passagem pela polícia por latrocínio (roubo com morte) e tráfico de drogas. O adolescente teria limpado o carro para apagar as evidências do crime.

Moisés contou à polícia que sofreu uma tentativa de homicídio em 2010. Durante o depoimento, o suposto autor disse que andava armado para se proteger, o que afastaria a hipótese de premeditação. Ele alegou também que não ficou com os objetos da vítima.


Homenagem

Com relação à tragédia que se abateu sobre nossa família, esclareço que eu e meus filhos nos atemos, agora, às felizes lembranças da última viagem realizada em dezembro, em que pudemos estar juntos num sentimento de união e cumplicidade familiar. O falecimento de um pai exemplar e marido amoroso deixa marcas eternas, mas que não apagam a memória de 22 felizes anos de casamento. Filho dedicado, irmão e amigo, seu lugar estará sempre guardado na memória daqueles que conheceram a personalidade de um homem solidário, companheiro e atencioso.

Omir sempre se destacou pela competência e dedicação com que exercia todas as atividades a que se propunha. Profissionalmente, desde 1995 atuando como auditor do Tribunal de Contas, sempre foi reconhecido pelo brilhante trabalho que exercia e, tenho certeza, será lembrado eternamente com o mesmo carinho que foi manifestado neste momento de tristeza.

Agradecemos todas as manifestações de apoio, que, para nós, são o reconhecimento da alegre convivência com Omir Lavinas. Só nos resta agora o conforto da tranquilidade do lar e da convivência com a família.

Rosane Cossich Furtado


Série de delitos

Moisés Nogueira Silva acabou detido do lado de fora de uma festa que acontecia no galpão da Administração Regional do Paranoá. Segundo os policiais responsáveis pela prisão, o acusado não resistiu e informou que pensou em se entregar. Ontem, ele fez o possível para esconder o rosto e disse poucas palavras, apesar de o delegado Antônio João Dimitrov pedir aos jornalistas para não fazerem perguntas . ;Vocês não falaram que ia ser assim;, esbravejou com os agentes. ;Eu não tenho medo de vocês;, completou, voltando-se à imprensa.

Moisés foi descrito pelas autoridades policiais como uma pessoa de classe média. Ele vivia com os pais e os tios na Asa Norte e tinha passagens pela polícia por roubo, furto e tentativa de homicídio. Cumpria pena e, segundo o delegado responsável pelas investigações, Moisés tinha sido solto havia três meses.

Dinheiro
A arma do crime, um revólver calibre .38, não foi encontrada pela polícia. Durante o depoimento prestado aos investigadores, Moisés teria dito que a jogou no Lago Paranoá. Os quatro tiros disparados atingiram a cabeça do auditor.

Omir Lavinas era separado da ex-mulher, Rosane Cossich Furtado, e tinha dois filhos, um de 18 anos e outro de 20. A ex-companheira deixou uma carta à imprensa na última sexta-feira relatando as lembranças felizes que a família tinha do auditor e agradecendo as manifestações de apoio (leia trecho acima).

A vítima morava sozinha em um apartamento no Centro de Atividades do Lago Norte. Ela foi vista pela última vez no Beirute da 107 Norte, acompanhado de familiares. Segundo informações da polícia, no dia do crime Moisés e Omir saíram do local para beber e, ao longo da madrugada, um grupo se reuniu, passou em vários lugares e sacou dinheiro. Omir teria feito dois saques de R$ 200: um às 22h, no último dia 8, e outro às 6h do dia 9. Com Moisés foram encontrados R$ 250, mas a polícia ainda não sabe dizer se o dinheiro foi o roubado do auditor.