Jornal Correio Braziliense

Cidades

Alta em vendas de lojas que avaliaram o Natal como positivo ficou em 3,3%

Depois da euforia, o fiasco. Após terem previsto um dos melhores Natais da história, os comerciantes do Distrito Federal avaliaram que houve uma modesta melhora de desempenho na data festiva em 2010 no comparativo com o desempenho na mesma época de 2009. A pesquisa Resultado de Vendas Natal 2010 ; Percepção dos Lojistas, divulgada ontem pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do DF (Fecomércio-DF), aponta que a alta média nas vendas dos lojistas que avaliaram o último Natal como positivo ficou em somente 3,3%. Em novembro, levantamento da Fecomércio apontou que os empresários esperavam crescimento de 11,6% para o período, bem acima do registrado.

A pesquisa acerca do resultado das vendas do Natal de 2010 também revelou que, de 130 comerciantes entrevistados, somente 38,9% acreditam que houve um desempenho superior ao de 2009. A maioria ; 61,1% ; acha que a celebração trouxe um faturamento pior ou igual ao registrado no período antecedente. Entre os pessimistas, 32,8% disseram que o volume de negócios caiu, e 28,3%, que ficou estável.

Surpresa
O presidente da Fecomércio-DF, Adelmir Santana, admitiu que o diagnóstico negativo feito pelos lojistas surpreendeu. Para ele, a orientação do governo de contingenciar crédito e a possibilidade de o Comitê de Política Monetária (Copom) elevar a Selic ; taxa básica de juros da economia ; podem ter inibido os consumidores. ;O comércio tinha todos os motivos para acreditar que seria um ótimo Natal;, afirma ele, lembrando que em 2010 foi de altas consecutivas nas vendas ao longo dos meses. De janeiro a novembro, a Fecomércio registrou faturamento 17,7% superior ao de igual período de 2009.

Santana argumentou que um quadro mais preciso do comportamento do varejo no último mês de 2010 deve ser obtido após o fechamento da Pesquisa Conjuntural Fecomércio relativa a dezembro. Para o estudo, serão analisados os resultados de vendas de 400 empresários. Segundo ele, deve ser levado em conta o fato de alguns segmentos, como lojas de departamento e brinquedos, terem tido um desempenho ;excepcional;. O primeiro divulgou alta de 33% no volume de negócios, e o segundo, de 19%.

O presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas do DF (CDL-DF), Geraldo Araújo, disse que a entidade também teve a percepção de um Natal com crescimento nas vendas inferior ao projetado. ;Esperávamos alta próxima de 10%, e avaliamos que ficou em 5,5%;, afirmou Araújo. Ele acredita que a restrição nos financiamentos, ameaça de juros maiores e a posse da presidente, Dilma Rousseff, influenciaram. ;O que tínhamos na rua não era dinheiro, mas crédito. Todos estão preocupados, esperando o que virá com a troca de governo.; A CDL-DF divulgou ontem a inadimplência de dezembro, que ficou em 4,3%. O índice foi o menor de 2010.

Juros
Um mercado de consumo aquecido significa demanda elevada por bens e serviços, o que pode causar aumento da inflação. Para evitar que isso aconteça no Brasil, o Comitê Nacional de Política Monetária (Copom) do Banco Central controla os juros da economia brasileira, aumentando ou diminuindo a taxa básica. A Selic teve a última alta em julho, e atualmente está em 10,75%. Para este mês, é esperado que o Copom faça uma nova elevação, a fim de conter o ímpeto do crédito e da demanda.

Percepção dos lojistas *
Desempenho por segmento

Vestuário / -2,03%

Calçados / 2,04%

Loja de departamento / 33%

Brinquedo / 19%

Perfumaria / 1,48%

Móveis e decoração / -1,74%

Eletroeletrônicos / -9,38%

Avaliação do comportamento das vendas
Cresceram / 38,9%

Ficaram estáveis / 28,3%

Caíram / 32,8%

*Um total de 130 lojistas foi entrevistado