Valorizar o ensino integral no Distrito Federal é o desafio assumido pela nova secretária de Educação, Regina Vinhaes Gracindo, para os quatro anos em que permanecerá à frente da pasta. A pedagoga e ex-diretora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB) enfatizou em entrevista ao Correio que a prioridade de sua gestão será restabelecer o ensino de qualidade nas escolas públicas do DF. Antes mesmo de finalizar seu plano de trabalho, que deve ser concluído em 100 dias, Regina Gracindo destacou que as ações para garantir o início do ano letivo já estão em andamento. ;Nossa preocupação é garantir que as escolas estejam preparadas para receber os alunos;, afirma. Até 7 de fevereiro, quando voltam as aulas, 300 escolas passarão por uma ;operação limpeza;, que terá como foco minimizar os problemas estruturais de pequeno porte por meio de reforma das instalações elétricas, pintura, corte de grama e reconstrução de móveis. A lista das instituições incluídas na empreitada será definida até amanhã. A ação será coordenada pela Secretaria de Educação em parceira com as pastas de Mobilização e Direitos Humanos, Meio Ambiente e Obras. Além disso, a secretária garantiu que 400 novos funcionários concursados serão convocados para assumir os cargos até o início das aulas. Novos professores também serão contratados. Em sua primeira semana à frente da secretaria, Regina Gracindo se prepara para discutir mudanças estruturais na educação do DF, que, segundo ela, permitirão a reconstrução da qualidade do ensino. ;Queremos que nossas escolas voltem a ser considerada as melhores do país. Após essa rápida limpeza, passaremos a estruturar um trabalho mais demorado, que remodelará todo o ensino.; Entre as prioridades da gestão, ela cita a edição de uma lei que permitirá a gestão democrática das instituições de ensino, a construção de novas escolas, a implantação da educação integral a partir de 2012 e o reajuste dos salários dos professores.
Ensino será remodelado
Quais medidas serão adotadas de forma emergencial?
Esta semana, começamos a fazer um diagnóstico que envolve uma tomada de posição sobre tudo o que diz respeito às escolas do DF. A rede pública de ensino precisa ter a escola pronta para receber os alunos. Estamos arrumando a nossa casa. A partir da próxima semana, 300 escolas serão limpas e receberão nova pintura. Após essa rápida limpeza, passaremos a estruturar um trabalho mais demorado, que remodelará todo o ensino. Queremos mostrar que o governo do DF tem a educação como prioridade.
Em que situação a senhora encontrou a Secretaria ?
A gente tem que entender que pegamos uma herança complicada. Escolas com muitos problemas físicos e um sistema de ensino com deficit de funcionários. Vamos receber até o fim desta semana 400 novos concursados que foram chamados para o preenchimento das vagas. Na próxima semana, também vamos agilizar a contratação de mais professores para ver se conseguimos atacar questões emergenciais.
O novo governo tem algum plano para a formação continuada dos professores no DF?
Queremos retomar e desenvolver no DF alguns projetos como o Pró-Funcionário, que é um curso de formação de servidores que o governo federal desenvolve e que não foi adotado no DF. Umas das questões graves é justamente essa: temos na área federal uma série de projetos da mais alta qualidade que o Brasil inteiro se beneficiou, menos o DF.
Como ficará o processo de escolha dos diretores após a suspensão do processo pelo último governo?
Já começamos a redigir a Lei de Gestão Democrática. A norma anterior se chamava Lei de Gestão Compartilhada. Percebo que muitos estados e municípios usam outras nomenclaturas justamente porque não querem uma gestão totalmente democrática, como a que nós vamos fazer aqui. A nossa proposta está sendo construída a partir de hoje (ontem) e será apresentada para a avaliação da sociedade. Todas as escolas ficarão como estão até a implantação da lei, quando teremos eleição para os cargos de direção e faremos as mudanças necessárias por força da vontade da comunidade escolar. Vamos aprovar a nova lei até junho.
O novo governo implementará de forma definitiva as escolas integrais no DF?
A nossa pretensão é fazer com que a escola pública do DF seja uma referência em todo o país e para isso não vamos medir esforços. Melhor que a escola é a educação integral. Queremos uma escola com um novo projeto de educação, um projeto integrado em que o aluno fica pelo menos oito horas seguidas conosco e nesse tempo desenvolve todas as atividades acadêmicas, artísticas e culturais. Vamos iniciar o planejamento de educação integral este ano para a implantação em 2012.
O que fazer para motivar os educadores?
As condições de trabalho dos nossos professores não são boas e isso desmotiva muito. Uma das questões é o salário. Um professor de curso superior não pode ganhar menos do que qualquer funcionário de nível superior do governo, porque ele é um profissional tão importante ou mais do que todos eles. Um salário melhor vai fazer com a profissão seja vista como algo interessante para o jovem que está na universidade. É verdade que o DF é o maior salário do Brasil, mas temos que melhorar um pouco mais.
Quando será concluído o plano de gestão ?
Em 15 dias, o governador Agnelo quer que todas as secretarias entreguem um plano de ação para os 100 primeiros dias de governo. Nesse plano, contaremos com as ações emergenciais e já algumas medidas a longo prazo, como reformas de instalações físicas.
Como resolver o problema da falta de salas de aula?
Nosso deficit atual é de cerca de 60 salas. Uma das saídas será o aluguel provisório de espaços privados próximos às instituições para colocar esses alunos. Essa será uma atitude de emergência, já que não será possível construir escolas novas em um mês.
Sindicato espera reajuste
Na tarde de ontem, membros da diretoria do Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF) estiveram reunidos com a nova secretária da Educação, Regina Vinhaes Gracindo, e apresentaram a pauta de reivindicações da categoria. Rosilene Corrêa, diretora do Sinpro-DF, afirmou que a conversa foi positiva e que o compromisso firmado pelo governador Agnelo Queiroz com os docentes foi revalidado pela secretária. ;Nossa maior preocupação, no momento, é que se faça cumprir a palavra dada pelo governador de que o reajuste salarial da categoria comece a valer em março;, afirmou. O reajuste de 13,83%, aprovado por uma emenda à Lei Orçamentária, corresponde a um acréscimo de R$ 500 milhões aos cofres públicos do Distrito Federal. O valor acompanha o reajuste que será dado aos recursos do Fundo Constitucional do DF ; que custeia as áreas de Educação, Saúde e Segurança ; previsto para 2011.
Segundo Carlos Cirane, diretor financeiro do Sinpro-DF, a categoria fará novas articulações em fevereiro para estreitar o diálogo com a secretária. ;Sabemos que o fato de termos garantido o reajuste não significa que ele será aplicado de imediato. Mas a expectativa é positiva;, avalia. Cirane explica que o próximo passo é garantir, a médio prazo, que seja firmada a equiparação dos salários dos docentes em relação aos demais cargos de ensino superior. O sindicato também pretende viabilizar a reestruturação do plano de carreira dos professores, com a incorporação de gratificações, isonomia salarial e reajuste do auxílio alimentação de acordo com valores pagos a outras categorias do funcionalismo público. ;Nossa proposta emergencial é garantir a valorização do professor para que a educação no DF conquiste ainda mais qualidade.; (NO e RP)