Jornal Correio Braziliense

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Missa da cura atrai fiéis à Igreja da Paz

O movimento em frente à Igreja Rainha da Paz, no Eixo Monumental, começou logo cedo. Por volta das 7h de ontem, muitos fiéis já estavam no local. Eles queriam garantir um bom lugar para assistir à missa da cura, rezada todo dia 25 de cada mês. Como era Natal, o espaço ficou ainda mais disputado. Quem esteve ali viu centenas de brasilienses unidos pela fé. Eles compartilham, além da religiosidade, a esperança de começar um novo ano com o presente mais importante de todos: a saúde.

A oração da cura traz a promessa de afastar doenças e até tristezas. A celebração fica a cargo do padre Silas Pereira Viana. Ontem, muitos se emocionavam com as palavras do pároco. Choravam ajoelhados. O desempregado João de Deus, 47 anos, saiu cedo de Planaltina para ir à missa. Ele espera a cura de um glaucoma. ;Tenho medo de ficar cego. Deus não há de deixar;, disse.

Mães levaram seus filhos à procura da libertação das drogas, maridos rezavam pelas esposas enfermas. Os pedidos são os mais variados: vão da salvação de um casamento à cura do câncer. Um dos momentos de maior comoção foi o da passagem da imagem do Menino Jesus entre os fiéis. Pessoas que acreditam no poder de cura da oração fizeram fila para beijar e tocar a peça.

;Toda missa cura e liberta. Quem liberta é Jesus Cristo. Dia 25, a gente reza um pouco mais pela saúde física e espiritual. Muitos voltam para dar o testemunho do poder da cura;, garantiu padre Silas. A celebração atrai gente de todas as idades e até personagens inusitados, como o mecânico de automóveis Adalberto Marinho da Costa, 59 anos, morador de Sobradinho.

O homem usa um traje especial para visitar o templo. Leva consigo um ;cajado de madeira virgem;, como ele mesmo explica, duas fitas, uma azul e outra vermelha, no pescoço, e um colar chamado de rosário franciscano de mais ou menos um metro de comprimento, com o qual ele se ;chicoteia;, às vezes. ;É um flagelo, em memória ao sofrimento de Jesus;, afirmou.

Com a aparência peculiar, Adalberto quer atrair mais gente para a igreja. ;Eu chamo a atenção das pessoas. Me divirto, no bom sentido, indo à missa.; Ele ganhou o apelido de Moisés, em referência ao profeta bíblico. Veste-se assim há sete anos. Pretende manter a tradição, até o último dia de vida.

Tradição
A missa de cura na Rainha da Paz existe há 15 anos e é fruto de uma iniciativa do antigo responsável pela igreja, o então arcebispo ordinário militar do Brasil, dom Geraldo do Espírito Santo Ávila, morto em 2005.