No próximo dia 1;, o médico cirurgião Agnelo Queiroz (PT) se tornará, oficialmente, o governador do Distrito Federal. O vencedor da corrida eleitoral ao Palácio do Buriti tomará posse do cargo com mandato de quatro anos e salário que poderá chegar a R$ 26,7 mil, caso o reajuste aprovado pela Câmara Legislativa seja autorizado pelo novo chefe do Executivo. O Correio teve acesso aos passos do petista ao longo da cerimônia oficial que colocará o nome dele na história política da capital do país. Depois de receber a faixa governamental do atual gestor, Rogério Rosso (PMDB), Agnelo acompanhará o evento que conduzirá a colega de partido Dilma Rousseff à Presidência da República, na Esplanada dos Ministérios.
Como fez em momentos decisivos da campanha ; nos dias da votação do primeiro e do segundo turnos ; Agnelo participará de uma missa antes de assumir a tarefa mais importante de sua vida. O ritual deu sorte para o então candidato ao governo local e será repetido na programação do primeiro dia de 2011. Católico praticante, o petista terá a companhia da família e do vice-governador, Tadeu Filippelli (PMDB), na missa, em local ainda não divulgado até o momento.
A cerimônia de posse do novo governador ocorrerá no auditório da Câmara Legislativa, a partir das 10h. Uma hora antes, será a vez dos candidatos eleitos ocuparem as 24 cadeiras do Legislativo do DF. A capacidade do local é de 506 lugares, motivo pelo qual, o evento será restrito apenas a políticos, a convidados e à imprensa. Quem presidirá a sessão solene será o atual vice-presidente da Casa, Cabo Patrício (PT), uma vez que é o único distrital reeleito a integrar a parte da composição da atual Mesa Diretora. Agnelo será recepcionado pelos parlamentares na frente do prédio e por homens do Corpo de Bombeiros do DF.
Buriti
Assim que a dupla vitoriosa na eleição entrar no auditório será tocado o Hino Nacional. Em seguida os eleitos farão o juramento de compromisso conforme determina a Lei Orgânica do DF e a Constituição Federal. Depois de tomar posse, Agnelo fará um discurso já como governador. De lá, ele seguirá de carro em direção ao Buriti para a cerimônia de transmissão de cargo, quando Rosso passará a faixa governamental para o petista. Na Câmara será dada continuidade à cerimônia de abertura da nova legislatura. Uma sessão será aberta para realizar a eleição dos cinco integrantes da Mesa Diretora, por volta das 11h. Serão escolhidos o presidente, o vice-presidente, o primeiro, o segundo e o terceiro secretários que irão comandar a Casa nos próximos dois anos (2011 e 2012).
Secretários
O comboio oficial chegará à rampa de acesso à sede do governo acompanhado da cavalaria da Polícia Militar. Agnelo e Filippelli serão recebidos por Rogério Rosso e pela vice-governadora, Ivelise Longhi (PMDB). Rosso fará um discurso de despedida e, em seguida, será a vez de o petista declarar algumas palavras. A posse dos secretários e administradores regionais da nova gestão está marcada para ocorrer às 12h30. Em seguida, será tirada a foto oficial do governador com o seu secretariado. Todo o evento será transmitido ao vivo em telões instalados na Praça do Buriti. Por volta das 13h30, Agnelo deve sair do prédio para cumprimentar as pessoas que acompanharão a cerimônia do lado de fora.
Logo após, Agnelo seguirá da sede do governo para o Congresso Nacional para acompanhar, no plenário da Câmara Federal, a posse de Dilma Rousseff (PT), marcada para as 14h30. De lá, ele seguirá para o Palácio do Planalto, onde ocorrerá, por volta das 16h30, no Salão Nobre, a transmissão do cargo ocupado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a colega petista. Uma cerimônia do Palácio do Itamaray encerrará as atividades oficiais em 1; de janeiro, o que deve ocorrer às 18h30.
(Colaborou Roberta Machado)
PROGRESSO DO DF
Ao receber o cargo de Rogério Rosso, Agnelo Queiroz repetirá a seguinte frase: ;Prometo cumprir a Constituição Federal e a Lei Orgânica do Distrito Federal, observar as leis, desempenhar fiel e lealmente o mandato que o povo me conferiu e trabalhar pela justiça social, pelo progresso e pelo desenvolvimento integrado do Distrito Federal;.
ATIVIDADE NORMAL
A partir de 3 de janeiro, a Câmara Legislativa volta a funcionar, mas somente em meio período, das 13h às 19h. As atividades do plenário retornam ao normal a partir de 1; de fevereiro de 2011.
MEMÓRIA
Cinco cerimônias
Apesar das cinco décadas de existência, Brasília foi cenário de poucas posses de líderes locais eleitos pelo povo: somente 30 anos após a fundação da capital foi encerrada a era dos governadores biônicos, com a posse, em 1; de janeiro de 1991, de Joaquim Roriz ao segundo de seus quatro mandatos à frente do GDF. Após o discurso, a festa tomou um rumo inesperado. Pessoas que acompanhavam a cerimônia em frente ao Palácio do Buriti invadiram o prédio procurando fugir de um temporal que forçou o cancelamento do show sertanejo que encerraria a programação do evento. As cerca de 2 mil pessoas que lotavam o espaço empunhando bandeiras de campanha do governador eleito receberam os cumprimentos de Roriz após o término da solenidade.
Em 1995, foi a vez de Cristovam Buarque ser empossado, no mesmo dia em que FHC assumia a cadeira da Presidência em seu primeiro mandato. O ex-reitor da Universidade de Brasília havia derrotado nas urnas o então chefe do Executivo local, Joaquim Roriz. Após a troca de faixa, o ex-governador quebrou o protocolo da cerimônia e deixou o Palácio do Buriti pela garagem para evitar a multidão petista que o esperava em frente à rampa principal do prédio. Cristovam prometeu em seu discurso governar para as crianças e assegurou a implantação da sua principal promessa de campanha, a Bolsa Escola, ainda na primeira semana de governo.
Seguiram-se, então, mais dois mandatos de Joaquim Roriz até a eleição de seu sucessor, José Roberto Arruda, que recebeu a faixa em 2007 de Maria de Lourdes Abadia. A primeira mulher a ocupar a cadeira máxima do governo do DF atuou por sete meses como governadora, após a saída de Roriz para a disputa do Senado. Depois da missa na Igreja Dom Bosco, na 702 Sul, o governador eleito discursou na Câmara Legislativa e falou ao povo em frente ao Palácio do Buriti. Em seu discurso, cobrou compromisso ético dos parlamentares. ;Temos de trabalhar com respeito ao povo que nos elegeu, ao dinheiro público;, afirmou aos presentes. ;Precisamos ter cuidado para não desiludir as pessoas, e o que seria pior: deixar que elas transfiram a desilusão com os homens para a própria democracia;, reforçou. Abadia, que havia sido derrotada nas urnas no ano anterior, prometeu ser a fiscal do governo Arruda. ;Tome e honre essa faixa. Ela pesa muito e nos conduz para as páginas da história;, ressaltou na ocasião.