Eles são heróis, em suas jornadas mágicas na busca pela justiça contra as bruxas más. Vilões que controlam o tempo e a sorte. Monstros terríveis, feios e cabeludos. Ou, quem sabe, também podem se tornar atletas, juízes de longa carreira ou uma menina se preparando para a festa do pijama na casa da melhor amiga. Tudo depende da página que o leitor escolher e da dose de imaginação usada pelo autor em uma das 287 redações publicadas no primeiro livro da Escola Classe 312 Norte. Organizada por um mutirão, a publicação 287 alunos e mil palavras, lançada em 3 de dezembro ; com direito à recepção e noite de autógrafos ;, é resultado do esforço dos 40 servidores da escola, pais e alunos de 1; à 4; séries, que se uniram para tornar real o sonho dos pequenos poetas de ver suas historinhas em um livro de verdade.
A ideia nasceu do trabalho realizado na escola para incentivo à redação e à leitura. Cristiana Almeida Costa, diretora da EC 312, conta que ao fim de cada ano, os professores costumam reunir as melhores redações produzidas pelos alunos em cartilhas para cada turma, confeccionadas nas dependências da escola: uma homenagem ao esforço dos pequenos. ;Este ano queríamos fazer algo maior, que integrasse os alunos de toda a escola;, lembra Cristiana.
Tornar o objetivo realidade não foi fácil. Durante todo o ano, a direção da escola buscou patrocínio, mas teve pouco sucesso. Para garantir que o livro fosse editado e publicado até o dia marcado para o lançamento, seria necessário que a escola arrecadasse pelo menos metade do valor estipulado para produção dos mil exemplares: o equivalente a R$12 mil. A organização do livro, que começou outubro, com a escolha dos melhores textos, marcou também o início de um grande mutirão para garantir o valor.
Como conseguir R$ 6 mil em menos de dois meses? ;Com muito suor e coragem;, afirma Silene Rubin, coordenadora pedagógica da EC 312 Norte. Todos na escola se juntaram para a pré-venda do livro. ;Entregamos vales-livros, de R$ 15, na Regional de Ensino e em todas as escolas públicas. Além disso, os servidores e pais dos alunos ajudaram a vender. Foi corrido, mas conseguimos: antes do início de dezembro, o valor inicial estava separado para ser pago à editora, que nos apoiou e garantiu que o livro seria produzido ; mesmo com a possibilidade de atraso da arrecadação;, conta a diretora. ;Agora, o desafio é terminar de vender os livros e cumprir o restante do valor;, diz.
Na editora, uma verdadeira força-tarefa foi montada para cumprir o prazo e ajudar a escola a conseguir patrocinadores. Joilson Portocalvo, um dos editores responsáveis pela publicação, chegou a levar trabalho extra para casa. ;Vi que os textos tinham grande potencial e que, por outro lado, precisariam de maior empenho para que o trabalho ficasse bonito. Em casa, li todos e refiz as correções. Tivemos que correr, mas foi um orgulho para toda a equipe;, conta Joilson, escritor e editor há mais de 30 anos. ;Temos um compromisso maior com a educação. Abraçar trabalhos como esse é importante para nós, por incentivar o ;fazer arte; nas escolas e o belo ideal buscado por essas professoras;, afirma.
Escritores
Matheus Antônio Pereira, 11 anos, aluno da 4; série, adora ler livros de ação e aventura. Para ele, uma das maiores alegrias é quando o pai ou a mãe sentam ao seu lado na hora de dormir para ler um livro. ;Eu queria que eles fizessem mais isso;, brinca Matheus. A colega de sala, Alice Machado Groth, 10 anos, queria criar uma forma de homenagear os 287 amigos que se juntaram para escrever o primeiro livro deles. ;Fui escrevendo, escrevendo e, quando vi, uma ideia bem legal apareceu.; Juntos, os dois alunos ajudaram a dar personalidade ao projeto. Escolhidos por uma grande eleição realizada no pátio da escola ; com direito à cabine de votação e boca de urna ;, Matheus e Alice são os criadores da ilustração e do título para a capa do livro.
;Em meu desenho, quis colocar tudo o que eu acho mais importante na hora de ler. Decidi fazer um pai lendo para o filho. Acho que ficou bem bonito;, diz o pequeno artista. Já a poeta decidiu colocar no nome escolhido um pouco do significado da união que envolveu a escola. ;Tudo mundo escreveu e todos estavam tão ansiosos. Achei legal colocar o número de alunos na capa do livro;, diz.
Na noite de autógrafos, realizada no início do mês, os jovens escritores estavam extasiados. ;Eu assinei vários livros;, gabou-se Matheus. Para a mãe, a dona de casa Maria Ivanira Pereira da Silva, 39 anos, o incentivo dado aos quatro filhos que estudam na escola (os trigêmeos Matheus, Mariana e Marina e o caçula de 9 anos, Marcos Willian) se reflete em casa de forma positiva. ;Acredito que eles estão crescendo mais inteligentes e interessados. Quando compramos o jornal, os meninos disputam a página de esportes para ler. As meninas leem o jornal todo;, afirma. A mãe, que este ano ocupa o posto de presidente da Associação de Pais e Mestres (APM) da escola, fez sua parte para apoiar o projeto da escola. ;É um orgulho para qualquer mãe ver como eles se preparam para as provas de redação, se empenham para os concursos da escola. É importante que, desde cedo, eles compreendam o valor da escrita;, comenta.
Para ajudar
O mutirão da Escola Classe 312 Norte ainda não acabou. Quem quiser comprar um exemplar do livro 287 alunos e mil palavras pode comparecer à escola, localizada na área especial da SQN 312, ou se informar pelos telefones 3901-7529 e 3901-7528. O livro tem 386 páginas e custa R$ 15.
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