O Governo do Distrito Federal assinou ontem, na Câmara Legislativa, o Pacto Nacional pelo Enfrentamento à Violência contra a Mulher. A capital da República foi a penúltima unidade da Federação a fazer parte do fórum nacional criado para auxiliar a promoção de políticas públicas para o público feminino ; agora só falta o Rio Grande do Sul. Conduzida pela deputada distrital Érika Kokay (PT), a solenidade contou com a presença da ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Nilcéia Freire. ;Eu não assinei o pacto no meu gabinete, há algumas semanas, porque queria que isso fosse feito aqui, publicamente;, disse a ministra.
De acordo com a Central de Atendimento à Mulher (telefone 180), o DF é um dos Estados com o maior número de denúncias sobre violência doméstica. Para a vice-governadora Ivelise Longhi (PMDB), os dados não significam que a capital seja a região com o maior índice de violência.
;As mulheres de Brasília são mais amparadas e têm mais coragem para fazer as denúncias;, disse. Entretanto, Nilcéia afirmou que, se não há como comprovar que a cidade seja a mais violenta do país, também não se pode afirmar que não seja. ;O Entorno é uma das regiões mais preocupantes;, acrescentou.
Segundo a chefe da Delegacia Especial de Atendimento à Mullher (Deam), Sandra Gomes, é preciso mais investimento para ampliar a rede de apoio. A delegada é responsável por algumas iniciativas de destaque, que mereceram comentários elogiosos dos presentes.
Uma delas é a unidade móvel de atendimento, que percorre todas as regiões administrativas para atuar no combate à violência. A medida foi copiada e implantada recentemente no Rio de Janeiro para ajudar as mulheres no Morro do Alemão.
Outra inovação local é a criação de um kit para as vítimas de estupro, com produtos de higiene, toalha e roupas para as mulheres que chegam à delegacia. ;Muitas chegam rasgadas e o que mais querem é tomar banho;, explica. Segundo Sandra, a média de queixas de violência registradas no DF é de 10 mil por ano. Para poder assinar o pacto, o governo local precisou entregar um projeto integral básico, com o levantamento da realidade brasiliense e dos projetos para mudá-la.
Mesa
Os homens foram convidados para o evento, mas enviaram representantes. Ivelise apareceu no lugar do governador (PMDB), Rogério Rosso, enquanto a deputada eleita Arlete Sampaio (PT) foi designada por Agnelo Queiroz (PT) para representá-lo. A mesa teve ainda a distrital eleita Liliane Roriz (PRTB), pela presidente do Fórum das Mulheres do DF, Leila Rebouças, pela presidente da Secretaria de Mulheres do PT-DF, Maria Laura, e pela presidente regional da Central Única dos Trabalhadores (CUT-DF), Rejane Pitanga.