Depois dos efeitos positivos da lei seca ; que reduziu em 9% o número de mortes em seu primeiro ano de vigência (de 2008 a 2009) ;, os acidentes voltaram a crescer e a preocupar as autoridades de trânsito. Nos primeiros 10 meses deste ano, 364 pessoas perderam a vida nas ruas da capital, número quase 13% superior ao registrado no mesmo período do ano passado. Pedestres e motociclistas estão entre as principais vítimas. De janeiro a outubro, 124 pessoas morreram atropeladas e 96 condutores de moto foram a óbito por conta de colisões. Agosto de 2010 foi o mês mais violento dos últimos seis anos, com 53 acidentes fatais e 55 mortes.
As estatísticas do trânsito escondem o drama de quem sofreu acidentes ou perdeu parentes e amigos em batidas ou atropelamentos. Cláudia Nogueira de Lima, 36 anos, ficou viúva em 27 de abril de 2008. O Vectra conduzido por seu marido, Paulo José Miranda, 33, foi atingido pelo veículo de um jovem que seguia na contramão da DF-001. Igor de Rezende Borges, então com 29 anos, não foi submetido a teste de bafômetro, mas testemunhas que estavam dentro do carro dele disseram na polícia que o rapaz havia bebido vodka antes de dirigir. Além de Paulo, quatro pessoas morreram por conta do acidente.
Igor foi denunciado pelo Ministério Público do DF por homicídio triplamente qualificado. A defesa recorreu e conseguiu a desclassificação do crime. O MP questionou a decisão e o caso está agora no Superior Tribunal de Justiça, que vai decidir se Igor vai ou não a júri popular. O réu responde em liberdade.
[SAIBAMAIS]A viúva de Paulo José já perdeu as esperanças de ver Igor de Rezende no banco dos réus. ;Com essa demora toda e com as últimas decisões, já deixei de lado. Era muito doloroso acompanhar tudo de perto e lutar por Justiça. Agora, só quero me dedicar aos meus filhos;, conta Cláudia, se referindo a Pedro Paulo, de 4 anos e Malu, 15.