Jornal Correio Braziliense

Cidades

Gasto com alimentos essenciais em outubro chegou a 50,45% do salário mínimo

A carne bovina, o feijão, a batata-inglesa e o leite foram os grandes vilões que inflaram as despesas dos trabalhadores

A compra do mês saiu mais cara para os moradores do Distrito Federal em novembro. Pesquisa realizada no período pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) aponta que o valor da cesta básica subiu 5,57% frente a outubro. Na prática, o gasto médio mensal com os principais alimentos que a compõem foi de R$ 224,24 para R$ 236,73, o equivalente a 50,45% do salário mínimo, atualmente em
R$ 510. Para uma família padrão, composta por dois adultos e duas crianças, o custo superou o mínimo, atingindo R$ 710,19.

Os principais responsáveis pela alta foram a carne bovina, a batata-inglesa, o leite e o feijão. Eles ficaram, respectivamente, 11,71%; 10,79%; 6,45% e 5,23% mais caros em novembro. Embora o valor desses quatro itens tenha crescido com mais intensidade frente a outubro, a variação positiva no preço dos alimentos foi quase geral. Somente registraram recuo a banana, que caiu 4,95%, e o pão francês, vendido por 0,63% a menos do que no mês anterior.

Segundo análise do Dieese, a tendência é que os custos da batata, do leite e do feijão, afetados por fatores climáticos, se normalizem nos próximos meses. A carne, entretanto, é tida como item problemático da cesta, já que não há qualquer previsão de quando o nível dos preços vai retroceder.

Procura
;A movimentação da batata e do feijão está diretamente ligada aos períodos de safra. A safra da batata, por exemplo, começou em novembro, então a tendência é estabilizar. Já o aumento dos preços da carne e do leite está relacionado à seca que atingiu as pastagens. Ocorre que a oferta de leite já está voltando ao normal com as chuvas. Mas no caso da carne bovina, pressionada também pelo aumento da demanda interna e internacional, não existe estimativa de quando isso irá acontecer;, afirma o economista Sérgio Lisboa, técnico do Dieese.

Lisboa lembra que o aumento da renda e o aquecimento da economia estão levando os brasileiros a comer mais carne. Destaca ainda que as exportações do produto estão em alta. As duas questões foram abordadas em matéria publicada pelo Correio nesta semana sobre a alta da carne bovina (veja Memória). ;A carne é a grande vilã, porque a gente não tem ideia de quando vai baixar;, resume o economista.

Se os cortes bovinos são os vilões da inflação, tomando em conta as medições mais recentes nos 10primeiros meses de 2010, o alimento cujo preço mais inflou foi o feijão. O grão encareceu 28,19% no período. A carne, 26,12%, e o açúcar ficou em terceiro lugar, tendo subido 22,41% de janeiro a outubro. Por outro lado, tomate e batata tiveram quedas expressivas até o 10; mês do ano, de 43,9% e 34,75%, respectivamente. Os demais produtos da cesta básica apresentaram variações positivas e negativas abaixo do patamar de 10%.

No acumulado dos primeiros 11 meses deste ano, o valor da cesta básica subiu em todas as 17 capitais pesquisadas pelo Dieese. As maiores variações aconteceram em Goiânia (23,79%), Fortaleza (18,05%), Manaus (16,03%) e São Paulo (15,96%). Os menores aumentos foram verificados em Brasília (6,53%), Aracaju (6,27%) e Porto Alegre (5,14%). Brasília galgou dois postos no ranking das regiões metropolitanas com a cesta mais cara, subindo de 10; para oitavo lugar em novembro.

Mermória
Em um mês, alta de 10,81%
Em matéria publicada nesta terça-feira, 30 de novembro, o Correio Braziliense mostrou a alta acentuada do preço da carne nos açougues e supermercados do Distrito Federal. A reportagem encontrou, nas ruas, encarecimento de até 75% em dois meses. De acordo com o Índice de Preços ao Consumidor-Mensal (IPC-S), da Fundação Getulio Vargas, a carne bovina subiu 10,81% entre 21 de outubro e 20 de novembro últimos, e aumentou 26,6% no acumulado do ano até 20 de novembro.