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Reabertura da UTI do Hras depende de contratações e da chegada de materiais

A entrada de pacientes na UTI neonatal do Hospital Regional da Asa Sul (Hras) continua com restrições. Somente os casos graves têm assistência garantida. A liberação da unidade depende da contratação de pessoal e do recebimento de materiais essenciais para os trabalhos, como sondas e tubos. Enquanto isso, aumentam os casos de contaminações. Nesta semana, bactérias multirresistentes colonizaram mais dois bebês. Ao todo, são oito isolados na UTI neonatal.

Os microorganismos se instalaram na pele dos recém-nascidos, mas ainda não atingiram o sistema sanguíneo.

Os diretores do Hras ainda não têm previsão de quando uma equipe da Vigilância Sanitária visitará novamente o local para determinar se as internações na UTI neonatal serão liberadas.

A chefe do Núcleo de Controle de Infecção Hospitalar do Hras, Fabiana Mendes, conta que o serviço deve demorar a voltar ao normal. ;As restrições permanecem até a regularização do abastecimento de material e à contratação de pessoal;, explica. Segundo ela, o quadro de funcionários tem carência de técnicos, enfermeiros, médicos e fisioterapeutas.

Os profissionais do Hras descobrem quais recém-nascidos serão isolados quando recebem o resultado de um exame feito todas as semanas. Na última segunda-feira, os técnicos colheram amostras de 19 bebês e, com a conclusão dos laudos, registraram os dois novos casos. Mesmo com o total de oito pacientes remanejados para áreas distantes da UTI neonatal, a hipótese de avanço das contaminações foi descartada. ;As infecções estão contidas. Os isolamentos ocorrem para resguardar os demais, mas eles não são pacientes de difícil tratamento;, analisa Fabiana.

Com o objetivo de minimizar o problema, o Hras restringiu os atendimentos até conseguir conter a proliferação das bactérias multirresistentes. Por enquanto, o hospital recebe apenas mulheres que darão à luz bebês com problemas de coração ou em outras partes do corpo. As gestantes em trabalho avançado de parto ou que correm o risco de morrer por conta de limitações de saúde também têm a vaga assegurada. Nos demais casos, os médicos encaminham as futuras mãe a outros centros médicos da rede.

Compra
As contaminações ganharam notoriedade quando o Hras contabilizou 11 mortes de bebês devido a três tipos diferentes de bactérias. Os atuais isolados do hospital, no entanto, não abrigam os mesmos microorganismos que causaram os óbitos. ;Apesar de multirresistentes, elas normalmente não levam à morte. O problema é que os pacientes são muito pequenos;, explica a chefe do Núcleo de Controle de Infecção.

O deficit de profissionais prejudica o funcionamento do local. De acordo com Fabiana Mendes, cerca de 40 técnicos são necessários para a normalização dos trabalhos. Segundo ela, os quatro novos contratados ainda passam por treinamento, ao lado dos veteranos da instituição. A inconstância no abastecimento dos estoques também traz problemas.

;A compra de grande parte do material foi feita, falta só o fornecimento. Mas, nos últimos dias, recebemos curativos e caixas de agulhas;, exemplificou Fabiana.

Superlotação e mortes
Desde o mês passado, pelo menos 11 recém-nascidos morreram no Hras em decorrência da contaminação por três tipos diferentes de bactérias. Em outubro, cinco bebês foram a óbito e, somente nos primeiros 10 dias de novembro, o número chegou a seis. As crianças foram infectadas pelo Estafilococos, pelo Serratia ou pela Klebsiella. O risco de disseminação levou os dirigentes do Hras a esvaziar a superlotada UTI neonatal. Na época, 40 bebês estavam internados na unidade, quando havia apenas 30 leitos disponíveis.