Montalvânia ; Paralelo aos novos desdobramentos do caso Villela, em Brasília, a Polícia Civil do Distrito Federal busca em Montalvânia, cidade mineira localizada a 640 quilômetros da capital do país, as facas utilizadas no crime da 113 Sul em 28 de agosto de 2009. Os objetos são considerados peças importantes para o inquérito que apura as mortes do ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) José Guilherme Villela, 73 anos, da mulher dele, Maria Carvalho Mendes Villela, 69, e da governanta da família Francisca Nascimento da Silva, 58.
As atenções estão voltadas para o Rio Poçãozinho, em Montalvânia, onde Paulo Cardoso Santana, 23 anos, um dos acusados do crime, diz ter jogado uma das facas. Anteontem, ele levou os investigadores da Coordenação de Investigações de Crimes Contra a Vida (Corvida) no local. Ontem, quatro homens do Corpo de Bombeiros fizeram buscas no rio. Nada foi encontrado até o fim da tarde.
Os bombeiros deslocaram-se de Janaúba ; cidade localizada a 210 quilômetros de Montalvânia ; e Montes Claros (a 340 quilômetros de distância). Vasculharam uma área de 25 metros de extensão do riacho. O local fica no fundo da casa da família de Paulo Santana. Segundo familiares do homem apontado como comparsa do ex-porteiro do Bloco C da 113 Leonardo Alves, 44 anos, na infância e na adolescência, Paulinho, como é tratado, sempre nadava no mesmo rio. Acompanhados por agentes da Corvida, os bombeiros fizeram as buscas durante mais de quatro horas. O trabalho não terá prosseguimento hoje, pois os bombeiros acham difícil localizar a arma do crime no riacho. A outra faca usada triplo homicídio da 113 Sul também está desaparecida.
Transferência
Paulo Santana está preso em Montalvânia desde 14 de julho deste ano. Ele responde por latrocínio (roubo com morte) de um travesti. O homem já foi ouvido pela delegada Mabel de Faria, da Corvida, que preside o inquérito e está em Montalvânia desde a última segunda-feira, acompanhada de um outro delegado e 13 agentes. Ontem, ela colheu novos depoimentos de pessoas ligadas ao ex-porteiro e ao sobrinho Paulo Santana, que deve ser transferido para Brasília nos próximos dias em um avião da Polícia Civil do DF. A Justiça de Minas autorizou a polícia candanga a trazer o preso até a capital do país. A delegada Mabel deve permanecer na cidade do norte de Minas pelo menos até amanhã.
Em seu mais recente depoimento, Paulo Santana mencionou a participação de uma terceira pessoa no crime. De acordo com uma fonte policial, também em um novo depoimento, prestado na última terça-feira na Corvida, Leonardo teria dito que não participou diretamente da execução do casal Villela e da empregada, mas que ;abriu caminho; para os autores ; Santana e Francisco Naérlio, 22 anos, preso no Pedregal, bairro do Novo Gama (GO) esta semana.
Ainda de acordo com a fonte, Leonardo disse que acabou ficando com a faca que teria sido usada por Francisco. Informou que escondeu a arma usada no crime dentro de uma caixa de ferramentas verde, que estaria guardada na casa alugada onde morou nos últimos dois meses em Montalvânia. De acordo com um agente, a tal caixa verde foi encontrada, mas sem a faca e as outras ferramentas. Uma menor, parente do ex-porteiro, informou que as ferramentas teriam sido levadas por policiais que estiveram na cidade na semana passada, quando Leonardo foi preso.
Barbárie
O homossexual Mauri José de Paula, 39 anos, foi assassinado, em 13 de julho de 2009, a pedradas por Paulinho e outro rapaz, identificado como Joaquim Florêncio. Um menor teria participado do crime. O motivo seria que o trio queria roubar o dinheiro e um brinco que o travesti disse ter comprado de Leonardo Alves e que teria sido levado da casa dos Villelas.