A liberação da UTI neonatal do Hospital Regional da Asa Sul depende de um exame laboratorial, cujo resultado deve ser divulgado hoje. A unidade está interditada há quase duas semanas. Na última segunda-feira, técnicos da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar fizeram uma avaliação da unidade de tratamento intensivo que recebe os recém-nascidos e coletaram sangue dos 31 bebês internados. Se a análise mostrar que a infecção hospitalar está sob controle, a direção do Hras vai solicitar uma nova visita da Vigilância Sanitária, que poderá liberar a UTI, manter a interdição ou até mesmo ampliar ainda mais as restrições de atendimento. Seis recém-nascidos permanecem em isolamento por conta do diagnóstico de infecção.
Os fiscais da Secretaria de Saúde decidiram proibir novas internações no local por conta do alto número de morte de crianças em decorrência de infecção hospitalar. De outubro até 10 de novembro, 11 recém-nascidos morreram no Hospital Regional da Asa Sul por conta da contaminação por três tipos de bactérias. Nos primeiros 10 dias de novembro, foram seis mortes por infecção hospitalar, mais do que o total registrado no mês anterior, quando cinco bebês morreram na UTI neonatal depois de serem contaminados por micro-organismos.
A solução do problema foi restringir os atendimentos na unidade de tratamento intensivo e dos partos até que o surto estivesse sob controle. Para evitar prejuízos aos pacientes e para minimizar os riscos de morte, apenas os casos graves vêm sendo recebidos. Gestantes com menos de 30 semanas de gravidez ou aquelas que estão entre a 38; e a 40; semana, mas que apresentam complicações como hipertensão ou má formação do feto, têm assistência assegurada. As outras mães estão sendo levadas a hospitais próximos.
Na última segunda-feira, o Hras recebeu os produtos e materiais hospitalares que estavam em falta, como extensores, catéteres e soro. O diretor da unidade, Alberto Barbosa, foi pessoalmente ao estoque da Secretaria de Saúde, no Setor de Indústria e Abastecimento, para acompanhar o desembarque dos produtos. ;Com essa entrega, vamos ficar abastecidos por um bom tempo;, afirma Alberto Barbosa.
Para especialistas e no entendimento do próprio diretor, três problemas causaram o surto de infecções hospitalares: a falta de produtos hospitalares básicos, o deficit de pessoal e a superlotação da UTI neonatal. A unidade tem 30 vagas, mas, normalmente, chega a abrigar até 40 bebês. Com o berçário cheio, técnicos de enfermagem e médicos não tinham tempo para cuidar de todos os pequenos pacientes e acabavam abrindo mão de procedimentos de segurança e higienização, como a lavagem das mãos. Nos bebês que morreram, foram detectados três tipos de bactérias: Klebsiella, Serratia e Estafilococos.
O ideal é que o Hospital da Asa Sul conte com 45 vagas de UTI ; 50% a mais do que a capacidade atual. Mas, além dos investimentos financeiros necessários à construção da estrutura física, seria preciso contratar médicos e enfermeiros. A Secretaria de Saúde, no entanto, não consegue encontrar profissionais no mercado. Nos concursos, a procura pela área é baixa. Na última seleção, o governo convocou 60 pediatras, mas apenas 35 tomaram posse. Na área de neonatologia, o interesse foi semelhante: dos 14 aprovados, apenas oito quiseram trabalhar na rede pública.
O diretor do Hospital da Asa Sul, Alberto Barbosa, prefere não criar expectativas quanto ao resultado dos exames. ;É preciso aguardar. Não tenho como antever o que vai acontecer. Dependendo dos resultados, vamos decidir se chamamos a Vigilância Sanitária novamente;, explicou Alberto.
Desafios para a solução da crise
; Na última segunda-feira, o material hospitalar que estava em falta, como catéteres e soro, chegou à unidade da Asa Sul;
; Também na última segunda, técnicos da Comissão de Controle de Infecções Hospitalares coletaram sangue dos 31 bebês internados na UTI neonatal para saber se as contaminações estão controladas;
; O resultado dos exames realizados na UTI devem ser divulgados ainda hoje;
; Com os dados em mãos, a direção do Hras vai decidir se convoca ou não uma nova inspeção da Vigilância Sanitária;
; Após a visita, a Vigilância Sanitária poderá liberar a UTI, manter ou ampliar a interdição.