Em sintonia com a tendência nacional, o Distrito Federal registrou aumento no número de trabalhadores com carteira assinada em outubro, na comparação com 2009. O saldo líquido de empregos formais criados no mês chegou a 2.863, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Foram 26.723 admissões contra 23.860 desligamentos. No acumulado do ano, a quantidade de postos de trabalho supera em 4,73% o total de vagas abertas no mesmo período do ano anterior.
As principais atividades da economia local, com exceção do extrativismo mineral e da agropecuária (veja quadro), apresentaram saldo positivo no mês passado. O setor de comércio foi o que mais criou oportunidades: contratou 7.766 pessoas e demitiu outras 6.320, resultando em 1.446 postos de trabalho ; praticamente metade do total. Entre janeiro e outubro, o número referente às vagas abertas no varejo e no atacado é de 4.943 ; 3,39% a mais em relação aos 10 primeiros meses do ano passado. As contratações temporárias devem manter o emprego no comércio em alta neste fim de ano.
Em outubro, a estudante de designer de moda Daniela Alipaz, 19 anos, festejou sua primeira oportunidade de trabalho com carteira assinada, em um loja de cosméticos do Brasília Shopping. Antes, ela só havia feito bicos, como maquiadora. Agora, tem a garantia de direitos trabalhistas, como 13; salário e férias. O contrato assinado com a empresa, apesar da época do ano, não é temporário. ;Vou ficar! Fica bem pesado estudar e trabalhar ao mesmo tempo. Mas vale a pena, estou muito satisfeita;, diz a jovem, que distribuiu currículo em nove lojas.
O setor de serviços foi o segundo que mais criou oportunidades no mês passado no DF. O total de contratações ultrapassou em 1.309 o de demissões: saldo 0,33% maior se comparado com o mesmo período de 2009. Entre os segmentos que mais criaram oportunidades, destacam-se o de comércio e administração de imóveis ; com um saldo positivo de 625 postos de trabalho ; e o que engloba bares, restaurantes e lanchonetes, responsável pela abertura de 243 vagas. As empresas de comunicação e de transportes foram as que registraram o menor saldo: 31.
Depois de três meses desempregado e dos bicos durante a campanha eleitoral, Rodrigo Costa Ribeiro, 21 anos, conseguiu assinar a carteira em 14 de outubro. Ganhou uma vaga em uma lanchonete no Edifício Brasília Rádio Center, na Asa Norte. ;É bom demais poder ajudar em casa, comprar as minhas coisas e ainda ter um dinheiro pra sair com a namorada;, comentou o morador de Planaltina, que acorda antes das 5h para chegar ao trabalho às 7h. Após a jornada de oito horas, ainda precisa encarar as aulas à noite. Ribeiro pretende concluir o ensino médio no ano que vem.
Aquecimento
Os números de emprego formal referentes a outubro são reflexo do aquecimento natural da economia nesta época do ano, segundo o professor de economia da Upis Carlos Alberto Reis. ;Em novembro e dezembro, a previsão é que o resultado seja ainda melhor;, acredita. Ele lembra que a criação de um emprego contribui para o bem-estar não só do contratado, mas de seus dependentes. ;Ocorre um efeito multiplicador, até mesmo psicológico. Qualquer número positivo em termo de empregabilidade deve ser comemorado nesse sentido;, completou.
A professora da Universidade de Brasília (UnB) Débora Baren, especialista em mercado de trabalho, lembra que o bom momento da economia nacional impulsiona a criação de empregos no DF. ;A renda aumentou, a disponibilidade de crédito também. O crescimento das vagas, principalmente no comércio, é resultado de tudo isso;, disse, antes de sugerir: ;A tendência é que o mercado continue aquecido no próximo ano. Quem conquistar uma vaga temporária precisa ficar atento e se dedicar muito. As chances de efetivação serão maiores;.
Recorde
Em todo o país, de janeiro a outubro, foram criados 2,4 milhões de postos, novo recorde para o período. O resultado foi 12% maior que o recorde anterior, verificado nos 10 primeiros meses de 2008, quando foram criadas 2,1 milhões de vagas. O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, anunciou a meta de 3 milhões de vagas com carteira assinada em 2011.
O cenário em outubro
Atividade econômica - Admissões - Desligamentos - Saldo - Variação em % (ante 2009)
Extrativismo mineral 13 / 21 / -8 / -1,73
Indústria de transformação 1.480 / 1.463 / 17 / 0,05
Serviços industriais de utilidade pública 251 / 98 / 153 / 1,95
Construção civil 3.386 / 3.715 121 / 0,20
Comércio 7.766 / 6.320 / 1.446 / 0,96
Serviços 13.032 / 11.723 / 1.309 / 0,33
Administração pública 60 / 47 13 / 0,27
Agropecuária 285 / 473 / -188 -3,21
Total 26.723 / 23.860 / 2.863 / 0,44
Fonte: Caged/MTE