De uma reunião marcada para esta manhã dos deputados distritais eleitos do PT pode surgir o nome da bancada para a disputa pela Presidência da Câmara Legislativa. Se o tom da conversa for de entendimento, Cabo Patrício deverá ser anunciado como o candidato da legenda para início de negociações com os demais partidos da futura base governista. Atual vice-presidente da Casa, Patrício tem apoio externo para sagrar-se vitorioso. Ele é o preferido do governador eleito, Agnelo Queiroz, e conta com a simpatia do vice, Tadeu Filippelli (PMDB).
Outros três distritais eleitos do PT se apresentam como concorrentes: Arlete Sampaio, Chico Leite e Chico Vigilante. Entre os cinco petistas que deverão tomar posse em 1; de janeiro de 2011, apenas Wasny de Roure não demonstrou disposição para entrar no páreo. Todos sabem, no entanto, que o apoio de Agnelo é decisivo e Patrício está em vantagem por conta disso. Ele ainda reúne votos de outros integrantes de partidos da coligação Um Novo Caminho, que derrotou o rorizismo em 31 de outubro. Por causa da experiência parlamentar, Patrício mantém um bom diálogo e afinidade com colegas reeleitos, como Benício Tavares (PMDB), Rôney Nemer (PMDB), Cristiano Araújo (PTB) e Alírio Neto (PPS).
Vence a eleição quem conseguir maioria simples, mas a conta não é tão fácil de alcançar. O nome escolhido pela bancada do PT sai na frente com cinco dos 24 deputados. Mas um parlamentar dissidente da base governista pode conquistar aliados na oposição ou entre independentes. A eleição do novo presidente da Câmara é o primeiro teste político de Agnelo. Ele só conseguirá emplacar o deputado de sua escolha se satisfizer os aliados na configuração do novo governo. Caso isso não ocorra, a chance de uma mudança de rumo na última hora é possível.
Jogo de barganha
Agnelo anunciará a composição do Executivo até 20 de dezembro. Os deputados terão, a partir daí, 10 dias para discutir a formação da Mesa Diretora da Câmara. Quem não estiver contemplado no governo poderá se rebelar. É o jogo da barganha política que sempre houve no relacionamento entre deputados e o chefe do Executivo. Na base de Agnelo, já há insatisfações. Até agora, o governador eleito fez pelo menos três reuniões com a bancada petista e também esteve na Câmara Legislativa para discutir a aprovação do Projeto de Lei Orçamentária Anual, mas ainda não se sentou com cada deputado para tratar de cargos. O futuro governador optou por priorizar a negociação diretamente com os presidentes de partidos. Essa estratégia incomoda parlamentares que não se sentem representados pela cúpula de suas legendas.
Mesmo na bancada do PT, há insatisfações a serem debeladas. Arlete Sampaio e Chico Leite estão abertos a negociações para ingresso no GDF. A ex-vice-governadora é lembrada como possível secretária de Saúde ou de Desenvolvimento Social, para trabalhar numa área em que atuou nos últimos três anos como secretária executiva do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Chico Leite é apontado como possível secretário de Justiça e Cidadania, pelo perfil. Ele é da carreira do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), de onde se licenciou em 2002 para concorrer a mandato na Câmara Legislativa.
Líder do governo
Vigilante também se apresenta como concorrente a presidente da Câmara Legislativa, mas tem uma postura importante para o governador eleito. O petista deverá defender medidas consideradas necessárias pela nova administração, rebater críticas e atacar adversários, quando necessário. É um nome cotado como líder do governo no Legislativo. A escolha desse cargo também poderá ser discutida na reunião da bancada petista nesta manhã. O encontro deverá ocorrer às 11h na casa de Arlete. Os deputados deverão sair da reunião com uma carta de intenções, em que vão apontar diretrizes para o comando da Câmara nos próximos dois anos. Entre as prioridades estão a reorganização dos cargos comissionados na estrutura da Casa e a transparência na discussão de projetos. Será a primeira vez em 12 anos que petistas se tornarão vidraça.
Além do PT, no entanto, Agnelo precisa atender os demais partidos aliados, principalmente os que tiveram papel fundamental na eleição, como PMDB, PSB e PDT. Nessa negociação, Tadeu Filippelli vai desempenhar papel importante. Ele pode exercer influência sobre votos de deputados eleitos, como Benício, Rôney, Wellington Luís (PSC), Aylton Gomes (PR), Celina Leão (PMN) e Olair Francisco (PTdoB).