Cerca de 20 estabelecimento comerciais da Asa Sul fecharam no dia de ontem com prejuízo. Os comerciantes da Quadra 207 ficaram sem energia elétrica desde as 6h e até o fechamento desta edição o fornecimento não havia sido normalizado. Uma padaria não abriu as portas porque não tinha o principal para oferecer aos clientes: pão. Os 30 funcionários do estabelecimento foram liberados e vários produtos que exigem refrigeração se perderam. Os donos calculam que tiveram um prejuízo de R$ 15 mil. O desconforto e a indignação se repetiram também em salões de beleza, restaurantes e hortifrutis localizados na quadra.
;Tem uma parte do prejuízo que sequer pode ser contabilizada, que é a da nossa imagem com clientes. Deixamos de fazer entregas e a situação se repetirá amanhã. Isso leva as pessoas a buscarem outros fornecedores, o que não é nada bom para o nosso negócio. Gastamos tempo e investimentos para formar uma clientela;, avaliou a proprietária da panificadora Grão Mestre, Edi Passos. A comerciante diz ter procurado a Companhia Energética de Brasília (CEB), cujos funcionários estão em greve desde a última quarta-feira, por várias vezes, mas não obteve nenhuma resposta satisfatória. ;Eles falaram que não adiantava mais ficar ligando, que o protocolo já estava pronto, mas que eles estavam em greve e por isso o atendimento demoraria;, conta o também proprietário da panificadora, Marcelo Passos.
A assessoria de comunicação da CEB informou que apenas 10 das 71 equipes de manutenção da empresa estão trabalhando durante a paralisação e que não seria possível informar a causa do corte de energia na 207 Sul, já que os funcionários não estão tendo acesso à área. O Sindicato dos Urbanitários do Distrito Federal (Stiu-DF), por sua vez, disse que não teve conhecimento do problema de fornecimento.
De acordo com o diretor do sindicato, Jeová Pereira, aproximadamente 70% das reclamações dos usuários estão sendo atendidas, mesmo com a greve. ;Estamos bem acima dos 30% de atendimentos que devem ser mantidos. Recebemos, em média, 400 chamadas por dia;, disse. Desde o início da greve, o sindicato contabiliza que 800 chamados deixaram de ser atendidos. ;Não fomos informados desse problema na Asa Sul. Resolvemos uma queda de fase no Conic, mas nessa quadra não;, informou Pereira.
Justiça
Enquanto isso, no fim da tarde de ontem, o comerciante Ito Jun, dono de um restaurante ; que também funciona como padaria, hortifruti e confeitaria ; na 207 Sul, somava os prejuízos do dia, que podem chegar a R$ 7 mil. Cerca de 30 clientes que tentaram almoçar no restaurante tiveram que ser mandados embora. À noite, o restaurante mais uma vez não funcionou, e as reservas para aproximadamente 20 pessoas foram canceladas. O proprietário ligou para clientes conhecidos a fim de tentar vender, com desconto, as frutas armazenadas, cuja maioria se perdeu até o fim do dia por falta de refrigeração. ;Vou acionar a CEB judicialmente. Isso é um absurdo completo;, afirma o empresário que paga, por mês, aproximadamente R$ 5 mil de conta de luz.
A indignação dos comerciantes era compartilhada pela proprietária do salão de beleza ao lado do restaurante. Com a falta de energia, serviços simples, como o de manicure, não puderam ser oferecidos aos clientes. ;Utilizamos todos os alicates que estavam esterilizados agora não temos mais o que fazer. Os clientes que insistem em ser atendidos com cabeleireiros, por exemplo, tem os cabelos lavados com água gelada;, explicou a proprietária, Maria Dinolia. Para garantir o atendimento hoje, a comerciante levou para casa todos os alicates para esterilizar na água fervente.
De janeiro até outubro deste ano, a CEB foi alvo de 256 reclamações no Instituto de Defesa do Consumidor (Procon). O número supera em 32% o registrado em 2009. As principais reclamações são relacionadas a cobranças indevidas e ao ressarcimento de eletroeletrônicos queimados. A empresa também coleciona multas da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que regula o setor.
REPARAÇÃO DE DANOS
Como buscar o ressarcimento de um prejuízo por falta de energia:
; Comunicar o dano à Companhia Energética de Brasília (CEB) por meio do site da empresa www.ceb.com.br. Lá, o usuário deve preencher o formulário de queixa, relacionando os danos e apresentando informações sobre o dia e a hora da falta de energia
; Caso o problema persista, e nenhuma resposta seja recebida, o consumidor deve procurar o Procon-DF. Se necessário, a CEB será notificada pelo órgão e, caso comprovado o prejuízo, a companhia é obrigada a fazer o ressarcimento
; O Procon conta com postos em cidades como Taguatinga, Ceilândia, Brazlândia, Gama, Sobradinho e Planaltina. Informações podem ser obtidas no site www.procon.df.gov.br ou pelo telefone 151
; Se o Procon não resolver o problema, o cliente deverá recorrer à Justiça, movendo ações relativas aos respectivos danos sofridos. Para tanto, é aconselhável ter em mãos informações como a data e hora do problema registrado, bem como os protocolos das reclamações feitas à companhia.