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Greve da CEB não tem prazo para acabar

Os funcionários da Companhia Energética de Brasília (CEB) entraram em greve ontem por tempo indeterminado. Enquanto durar a paralisação, o atendimento será feito apenas em casos de emergência. A distribuição de energia, no entanto, não deve ser afetada, segundo a empresa. As negociações com o sindicato começaram no início de outubro. Na semana passada, após rejeitar proposta patronal, a categoria decidiu, em assembleia, cruzar os braços no dia seguinte ao feriado de Finados. A CEB acusa o movimento grevista de não cumprir a lei que obriga a manutenção de 30% do efetivo em atividade. Ontem, sindicalistas fizeram barricada na sede da empresa, no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA).

[SAIBAMAIS]A CEB acionou, na última segunda-feira, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 10; Região, pedindo uma liminar para decretar ilegal a greve em questão. O presidente do TRT, Ricardo Alencar Machado, deu um prazo de 48 horas para que o sindicato dos trabalhadores se manifeste. Depois de ter acesso aos argumentos da categoria, o magistrado decidirá se acata ou não o pedido da CEB.

Por ora, as conversas com os sindicalistas estão suspensas. A empresa conta com cerca de 800 funcionários concursados e 500 terceirizados. O salário inicial para técnicos é de R$ 1,4 mil. Os grevistas reivindicam ganho real de 24% ; equivalente a cinco vezes o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do período. Querem ainda realinhamento do plano de cargos e salários, reajuste do tíquete-alimentação e abono salarial de R$ 5 mil.

Antes de a greve ser deflagrada, a CEB ofereceu à categoria um ganho real referente ao INPC do período mais 1%: algo em torno de 5,7%. De abono, a empresa se dispôs a pagar R$ 2,4 mil, em duas parcelas ; R$ 1,4 mil neste mês e o restante em fevereiro de 2011. Além disso, comprometeu-se em aumentar o valor diário do tíquete-alimentação de R$ 27 para R$ 35. Na mesa de negociação, representantes da CEB Distribuição lembraram o prejuízo acumulado de R$ 40 milhões em 2009, o que dificultaria avanços na proposta.

De acordo com a assessoria da CEB, a categoria quebrou acordo firmado no ano passado, quando ficou definido que a data-base de 2010 seguiria a inflação do período, sem ganhos reais. ;Nossas reivindicações não significam ;prego batido;. Mas do jeito que a negociação anda, a empresa parece querer a greve mesmo;, disse o diretor do Sindicato dos Urbanitários do Distrito Federal (Stiu-DF), Jeová Pereira. Na manhã de ontem, os grevistas tentaram impedir até mesmo os terceirizados de trabalharem. ;Está tudo parado. Não vamos fazer aventuras, mas vamos continuar parados;, completou Pereira.