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Família de soldado achado morto em quartel de Cristalina descarta suicídio

A morte de um soldado da 6; Companhia de Comunicações do Exército, em Cristalina, município goiano distante 90km de Brasília, intriga amigos e familiares da vítima. Webert da Silva Barros, 20 anos, foi encontrado caído no alojamento, com um tiro no peito, às 10h50 da última terça-feira, Da de Finados. Ele ainda chegou a ser levado para o Hospital Municipal da cidade, mas não resistiu aos ferimentos e morreu horas depois. As circunstâncias do óbito ainda são mantidas em sigilo pelo Exército. Uma nota oficial divulgada à imprensa não esclarece se o disparo partiu da arma de Webert ou de outra pessoa.

A família do soldado não acredita em suicídio e tampouco em acidente. Webert fez aniversário no último domingo e, segundo a família, estava no melhor momento de sua vida. Ele tem uma filha de sete meses e, há duas semanas, realizou o sonho de comprar um carro, um Gol segunda geração de cor azul. Ele também estava feliz porque tinha sido aprovado no curso de formação para cabo do Exército e assumiria o cargo no próximo ano. "A gente quer uma resposta para o que aconteceu. Ele saiu vivo e feliz de casa e não voltou mais. Não foi um acidente como dizem por aí. Antes de morrer, o ouviram falando: ;atiraram em mim!' ", contou a irmã, a massoterapeuta Josiane da Silva Barros, 34 anos.

Webert foi admitido em março de 2009 e, no dia de sua morte, estava escalado para trabalhar das 8h de terça-feira até as 8h de ontem. O tiro que o atingiu partiu de uma pistola calibre .9mm, segundo um militar que preferiu não ter seu nome divulgado. Em nota, o Exército disse que foi instaurado Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar o caso. O prazo para conclusão da investigação é de 40 dias. "O Exército Brasileiro já está tomando todos os procedimentos necessários à assistência da família e do referido soldado", encerra a nota oficial.

Vizinhos e amigos do rapaz estavam incrédulos com a morte do soldado. Todos procuravam uma resposta para o que tinha acontecido. Durante toda a manhã e tarde de ontem, mais de 50 pessoas lotaram a casa da mãe dele, Antônia da Silva Barros, 52 anos. Ao receber a notícia de que perdeu o filho, ela passou mal por duas vezes e precisou ser medicada. Sentada no sofá, era só lágrimas. Muito abalada, ela não quis almoçar.

A demora na liberação do corpo pelo Instituto Médico Legal (IML) de Luziânia trouxe ainda mais angústia à família e só ocorreu depois de mais de 30 horas de espera. Em seguida, o corpo ainda seguiu para ser embalsamado em Valparaíso de Goiás. O sepultamento será hoje, às 11h, no cemitério de Cristalina. "Ele morreu na manhã de ontem (anteontem) e estamos velando sem o corpo. É um sofrimento constante e que ainda nem começou", disse Josiane, indignada, na tarde de ontem.

O vigilante Willian Lino, 33, conhecia Webert há pelo menos 15 anos. "Ele gostava muito de jogar bola e não tinha inimizades. Todo mundo gostava dele. Era um menino sorridente e companheiro", afirmou. Amigo de infância, o vendedor Fábio dos Reis Barbosa, 23 anos, contou à reportagem do Correio que o jovem pretendia dar uma casa nova para a mãe, que mora em uma residência modesta, em um setor de chácaras localizado em Cristalina Velha, na Rua Olhos D;água. "A gente tem várias hipóteses para a morte dele, mas a de suicídio está descartada. Ou a arma disparou ou alguém atirou nele. Até agora estamos sem resposta para o que aconteceu. O Exército não explica nada e isso é inaceitável", reclamou.

A VÍTIMA

Webert da Silva Barros
Nascimento: 31 de outubro de 1990, em Cristalina (GO)
Escolaridade: cursava o 3; ano do ensino médio no Colégio Estadual de Cristalina
Paixões: jogar futebol e sair com os amigos
Profissão: era soldado do Exército há um ano e oito meses
Estado civil: não era casado, mas deixou uma filha de sete meses
Sonho: construir uma casa nova para a mãe, a dona de casa Antônia da Silva Barros, 52 anos