Jornal Correio Braziliense

Cidades

Floriculturas fecham as portas

Cansados da concorrência dos ambulantes, os empresários decidem cruzar os braços. Cobram do GDF rigor na fiscalização


Mariana Branco
Diego Amorim e
Mariana Laboissi;re

Neste feriado de Finados, o comércio do Distrito Federal vive uma situação no mínimo inusitada. A maioria das floriculturas de Brasília e região ; que, segundo o senso comum, deveria ser o segmento que mais lucra com a data ; fecharão as portas.

Segundo o Sindicato do Comércio de Gêneros Alimentícios, Verduras e Flores do DF (Sindigêneros-DF), aproximadamente 80% dos cerca de 273 estabelecimentos do tipo existentes na capital federal e cidades que a circundam não funcionarão hoje. O motivo é que os lojistas sentem-se prejudicados pela proliferação dos vendedores ambulantes de flores que ficam nas proximidades dos cemitérios na data. Eles não podem entrar no recinto e, muitas vezes, são removidos da entrada pela Agência de Fiscalização do DF (Agefis) acionada pelas Administrações Regionais. Mesmo quando isso acontece, dão um jeito de ficar por perto.

;Não adianta, o empresário tem prejuízo. Fechar as portas dá mais lucro do que abrir, porque tem que fazer uma exposição do produto para vender, e ele é perecível;, queixa-se Joaquim Santos, presidente do Sindigêneros-DF. Ele explica que as floriculturas costumam estocar os arranjos de flores em câmaras refrigeradas. Na hora da venda, capricham no visual e colocam o produto nas vitrines. A partir daí, o prazo para vendê-lo é de três a quatro dias. ;Quem paga impostos sai no prejuízo;, dispara Santos, que defende uma ação mais rigorosa por parte do governo do Distrito Federal contra os floristas ambulantes.

Shopping aberto
O presidente do Sindigêneros-DF afirma que o feriado de Finados já foi a terceira data mais lucrativa do comércio de flores, perdendo somente para os dias das Mães e dos Namorados. Hoje, não é mais sinônimo de alta nas vendas. ;Para se ter uma ideia, há um tempo atrás, vendíamos 100 dúzias de rosas por semana em épocas normais e 400 dúzias na véspera e nodia desse feriado. Ou seja, o volume quadruplicava;, conta. Segundo Joaquim Santos, nas poucas floriculturas abertas ontem, o movimento foi fraco.

Para gente como Maria Amélia da Glória, 60 anos, a situação é diferente. O dia de ontem foi de lucro, que deve crescer ainda mais hoje. Maria Amélia é dona de casa e comprou três mil vasos de flores para vender na porta do cemitério Campo da Esperança. Ela pretende esvaziar o estoque até o fim do feriado, cobrando de R$ 5 a
R$ 10, dependendo do tamanho dos vasinhos.

Se vender é problemático para empresários do ramo de flores neste feriado, outros setores do comércio esperam aumentar os lucros. Bares e restaurantes funcionarão normalmente. O presidente do Sindicato dos Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares do DF (Sindhobar), Clayton Machado, disse que feriados como o Dia de Finados rendem movimento melhor do que os dias normais. ;Há quem volte mais cedo e almoce e jante fora de casa.;

Faturamento
A melhor data para o comércio é o Natal, seguida do Dia das Mães (segundo domingo de maio), do Dia dos Namorados (12 de junho) e do Dia das Crianças (12 de outubro). Outras datas comemorativas impulsionam as vendas em setores específicos e estimulam estratégias direcionadas. No Dia de Finados, o comércio de flores e velas, por exemplo, aumenta consideravelmente.