Ao meio dia de ontem, cerca de 200 pessoas alteraram seus perfis no Orkut como forma de protesto. Amigos, familiares e conhecidos da comerciante Bruna Oliveira Carneiro, 20 anos, vítima de um acidente de trânsito em que, segundo testemunhas, o motorista dirigia sob efeito de álcool, publicaram em seus perfis fotos segurando uma folha em branco com os dizeres: Justiça Bruna e o endereço do blog criado recentemente por um grupo de apoio: www.brunapelavida.blogspot.com. Além disso, centenas de mensagens foram mandadas pelo Twitter (@BrunaPelaVida) e pelo Facebook, e vídeos de apoio tomaram conta do Youtube. Os internautas pediram conscientização no trânsito e punição para o motorista Allan Frederico da Silva, da mesma idade, que dirigia o carro no dia do acidente.
Segundo a irmã da vítima, Bárbara de Oliveira, 23, o Movimento Bruna Pela Vida na internet reuniu pessoas de diversos locais do país durante todo o sábado e quis chamar a atenção de usuários das redes sociais para uma passeata prevista para 20 de novembro, com o intuito de reivindicar a obrigatoriedade do uso do bafômetro na Lei Seca. "Não temos como provar que ele estava embriagado porque hoje ninguém é obrigado a fazer o teste que comprove o teor alcoólico acima do permitido. Mas ele se recusou a fazê-lo e me pergunto o porquê. Ninguém quer matar ninguém, mas quando se dirige depois de beber muito e bem acima da velocidade da via, a pessoa acaba procurando algo pior", lamentou Bárbara.
De acordo com relatos de amigos que acompanhavam os jovens em 14 de outubro, quando ocorreu o acidente, Allan saía de uma festa em um pub, na 403 Sul, e Bruna avisou: não o deixaria ir sozinho para casa, na Asa Norte, em função de seu estado alcoólico. "Ela disse que ia ao lado dele para alertá-lo de um eventual problema e evitar qualquer acidente", contou Bárbara. O estudante João Paulo Ilário, 20 anos e melhor amigo da comerciante, foi atrás do Astra placa JGS-0664/DF conduzido por Allan. "Eu levaria Bruna para casa, mas ela quis acompanhá-lo para ajudar, já que não tinha carteira para guiar o carro dele. Eu estava a 80km/h e vi o Astra desaparecer da minha frente, de tão rápido que estava", comentou.
Chegando perto da 601 Norte, o veículo dirigido por Allan capotou, bateu em uma árvore e Bruna foi jogada para fora do veículo por estar sem o cinto de segurança. "Ele fala para todo mundo que não tinha bebido, mas isso é mentira. Está ameaçando me processar, mas não tem problema, eu estava lá e vi o que aconteceu", enfatizou João. Depois de seis dias internada no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), a jovem morreu devido ao traumatismo craniano sofrido na colisão.
Depois do apelo concentrado de ontem, o Movimento Bruna Pela Vida continuará a campanha no blog criado para a ocasião, em comunidades no Orkut e na passeata do dia 20. "Não queremos que o caso de nossa amiga passe em branco. Vamos lutar contra a falta de punição em um apitaço, com faixas, cartazes e balões", relata a amiga e organizadora do protesto Clarice Gulyas. Os integrantes do movimento devem partir do Gate;s Pub, na 403 Sul, e caminhar até a 601 Norte, onde o carro capotou.
Comentários na comunidade Justiça Por Nossa Amada Bruna (no Orkut) e no Twitter
"Esta luta não é só uma luta pela Bruna Carneiro e, sim, por toda a sociedade, pois qualquer um pode sofrer um acidente como o da nossa querida Bruna. O que podemos fazer é lutar contra a impunidade e exigir a obrigatoriedade do bafômetro para que possamos, pelo menos, ter alguma segurança ao sair em nossos carros e enfrentar o trânsito do dia a dia".
Marcela Carvalho
"Hoje demos início a uma incansável luta por justiça. Que as autoridades competentes tenham mais sensibilidade pela importância do bafômetro obrigatório nas blitzes de trânsito e, principalmente, em casos de acidentes. Nossa querida Bruna se foi, mas quantas pessoas mais terão de morrer para mudar isso?".
Fernanda Cristina dos Santos
"Aqui na Europa o bafômetro é obrigatório. Achei um absurdo quando me informei sobre o caso e descobri que o assassino se recusou (a fazer o teste) . Só tenho a dizer que não podemos perder mais vidas por irresponsabilidade, por impunidade. Não vamos parar por aqui, queremos justiça".
Alessandra Leahr
"Lutar pela Bruna é lutar por todos nossos filhos! Eu, como mãe, não quero imaginar a dor que é perder uma filha tão jovem por causa da imprudência no trânsito! Dirigir bêbado é crime".
Fátima Carvalho
Devemos punir as pessoas que dirigem alcoolizadas! Porque assim não teremos mais casos como o da Bruna! Vamos lutar pela obrigatoriedade do bafômetro em todos os acidentes envolvendo vítimas".
Pedro Lucas Gracie