A direção do Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) estuda ações para fazer com que a pilha de exames de biópsia e citologia diminua. Na edição de ontem, o Correio revelou que cerca de 1,7 mil laudos estão prontos, mas ainda não foram entregues aos pacientes por falta de digitadores. Uma das medidas, já colocada em prática, segundo o diretor da maior unidade de saúde do DF, Luiz Carlos Schimin, é priorizar os casos considerados mais graves.
[SAIBAMAIS];Se o médico diagnosticar que uma pessoa está com câncer, a determinação é que esse laudo seja digitado na frente dos outros. Aquele em que não há indícios da doença vai para segunda ou terceira prioridade. Obviamente, o ideal seria atender a todos com rapidez, porque nós entendemos que o paciente quer uma definição, mas como enfrentamos dificuldades, infelizmente temos que criar alguns critérios no atendimento;, disse Schimin.
O gestor do HBDF também garantiu que a área da anatomia será tratada com prioridade. Ainda restam algumas vagas de técnicos administrativos a serem preenchidas relativas ao último concurso, realizado em 2008 e, quando a Secretaria de Planejamento autorizar a convocação, o quadro de servidores no setor será reforçado. Porém a convocação de mais funcionários pode ser uma solução paliativa.
;Enfrentamos três problemas: o primeiro é de ordem legal. O governo não pode extrapolar as despesas com pessoal para não ferir a Lei de Responsabilidade Fiscal. O segundo ponto é a falta de interesse dos servidores. Como o salário é pouco atrativo, eles ficam três, quatro meses aqui e saem quando passam em outro concurso. O último ponto refere-se à lotação, e aí digo que o problema ocorre em todas as unidades. Muitos moram no Plano Piloto, mas são destacados para Braz-lândia, Planaltina ou Gama. Eles querem trabalhar perto de casa e estão no direito dele;, afirmou o diretor.
Schimin explicou, ainda, ser pouco eficaz remanejar técnicos de um setor para suprir a demanda da anatomia patológica. ;Esse servidor muitas vezes não vai entender a letra do médico, ou não estará acostumado com as atribuições daquele cargo, sem contar que o deficit existe em todos os setores vitais do hospital e não temos de onde tirar;, afirmou Schimin.
Denúncia
Depois da matéria veiculada no Correio, foi protocolada na 1; Promotoria de Defesa da Saúde (Prosus) do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) a primeira denúncia sobre atraso na entrega de um exame de biópsia. O secretário-geral do Sindicato dos Servidores em Estabelecimentos de Saúde (SindSaúde/DF) elogiou a iniciativa e aconselhou a todos que se encontram nessa situação que procedam da mesma forma. ;Saber se está com uma doença é um direito de todos. Se houver demora, o conselho é que recorram à Justiça. O Sindicato está acompanhando de perto essa situação e se for necessário, vamos intervir;, disse Elias.
A demora angustiante dos pacientes para saber se estão com câncer ou não ocorre porque na área de anatomia do HBDF apenas dois digitadores são responsáveis por passar para o computador os diagnósticos dos médicos. Segundo um servidor, que preferiu não se identificar, às vezes, os dois estão afastados e a pilha de laudos se acumula. Para minimizar a situação, a direção do HBDF paga hora extra, mas como a demanda de exames é muito grande, mesmo trabalhando além do previsto, eles não conseguem fazer com que a fila diminua.
DEFICIT
Atualmente, 253 técnicos administrativos prestam serviço na unidade. A direção alega que seriam necessários mais 195. O último concurso para o preenchimento das vagas foi feito em 2008. De lá para cá, 433 pessoas foram convocadas, mas por vários motivos, poucos tomaram posse.
DEMANDA
Existem cerca de 1 mil exames de biópsia e 700 de citologia que os médicos emitiram os laudos, mas ainda não foram digitados. A demora para conseguir o documento e iniciar o tratamento pode durar até seis meses.