Uma adolescente de 14 anos feriu, com a lâmina retirada de um apontador de lápis, o rosto e o pescoço de uma colega da mesma idade durante briga em frente a uma escola pública em Sobradinho, onde elas estudam. Os cortes, cerca de 20, foram superficiais e a vítima passa bem. O confronto ocorreu ontem, por volta das 17h, após os alunos terem sido liberados da aula devido à ausência de um professor. Um terceiro adolescente, de 16 anos, também estava envolvido na briga ; ele derrubou a menina antes que a agressora a cortasse. O rapaz não foi detido pela polícia.
Ao serem informados da agressão, os funcionários do colégio chamaram o 1; Batalhão Escolar da Polícia Militar, que levou as duas meninas para a Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA) para prestar depoimento. As estudantes e suas mães defendem versões diferentes do incidente. ;Estou revoltada, quero justiça. Ela vai ficar deformada e os pais da adolescente têm de pagar por isso;, protestou a mãe da garota que sofreu os cortes de lâmina. A cuidadora, de 40 anos, garante que o caso não foi uma briga, e sim de uma agressão premeditada. Segundo ela, a lâmina usada estava presa a uma caneta como uma espécie de arma, e a rival de sua filha já teria provocado também seu sobrinho no colégio. ;Marginal tem que ir para a cadeia, não para a escola. Se fez isso com minha filha, pode fazer com outras;, acusou.
Para a mãe da autora da violência, os ferimentos foram feitos em autodefesa. O surto que levou à agressão com a lâmina teria sido resultado de ameaças sofridas há muito tempo pela filha. ;Ela contou que já havia sido ameaçada por essa menina. Ela já vinha me falando que recebeu telefonemas dizendo que iam matá-la, mas não levou a sério;, contou a atendente de 35 anos. ;Ela não quer ir mais para a aula e agora eu temo pela vida dela;, lamentou a mãe, que pretende mudar a filha de escola assim que possível, seguindo recomendação do diretor da unidade de ensino.
A mãe da agressora nega que a violência tenha sido premeditada ; segundo ela, a filha usava a lâmina como apontador improvisado, desde que o objeto havia se quebrado. A atendente garante que ela só sacou o objeto cortante depois que foi ameaçada, versão que é descartada pela polícia. ;Não tenho dúvida de que foi premeditado. Se ela usou a lâmina, é porque queria lesionar e a outra apenas se defendeu;, concluiu o delegado adjunto da DCA, Yuri Fernandes. Segundo o delegado, agressões e ameaças entre adolescentes são as ocorrências mais comuns na DCA.
Até o fechamento desta edição, as meninas ainda não haviam sido encaminhadas para o Instituto Médico Legal para exame de corpo de delito. Se for comprovado que ambas foram lesionadas na briga, a agressão será considerada mútua. Nesse caso, as duas responderão a ato infracional por lesão corporal. As estudantes também foram suspensas pela escola por três dias.