Lucas Tolentino
Diego Amorim
Noelle Oliveira
Os brasilienses enfrentaram vários problemas com as chuvas que se espalharam ontem por todo o Distrito Federal. A ventania derrubou árvores no Plano Piloto e deixou diferentes pontos da cidade sem energia elétrica. A água também provocou acidentes leves de trânsito e desabamentos de muro e de telhado. As previsões do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) indicam que as precipitações não deverão dar trégua. Se depender das estimativas do órgão, o eleitor vai ter de usar o guarda-chuva durante as votações de hoje.
As três estações do Inmet registraram consideráveis volumes de água no DF. Em Planaltina, caíram 19,6mm de água pela manhã. Na central de Recanto das Emas, os índices atingiram 40,4mm, entre 9h e 16h. Enquanto isso, na unidade do Sudoeste, de 8h até 14h, os meteorologistas calcularam 28,2mm. Por conta das chuvas, também chamou a atenção a variação de temperaturas máximas nos últimos dias. Ontem, ficou em 22,9;C, enquanto alcançou 32; C na sexta-feira. ;Está tudo dentro da média e não há fenômenos atípicos atuando no Centro-Oeste;, ponderou a meteorologista Odete Chiesa, do Inmet. A previsão é que o sol (1)apareça a partir de amanhã, enquanto as nuvens carregadas se resumirão a pontos isolados.
Apesar disso, houve série de estragos pelo DF. Próximo ao estacionamento da Feira do Guará, vários galhos de árvores tombaram. O perigo aumentou por conta do desabamento de parte do teto de um restaurante, o Café Neide, e da queda de um pedaço da estrutura da área externa da feira. O teto foi construído pela própria administração do local em um projeto recente de expansão. Como apenas duas calhas foram instaladas, o volume de água não pode ser contido e acabou alagando o forro do estabelecimento comercial, ocasionando o acidente.
Clientes e os 17 trabalhadores deixaram o restaurante às pressas. Ninguém se feriu. Agentes da Defesa Civil isolaram a área e as bancas das redondezas para avaliar os riscos. A construtora responsável pela obra da administração se comprometeu a arcar com o prejuízo do estabelecimento. ;A gente perde muito com isso. Acabamos não trabalhando hoje e nem poderemos amanhã. Só espero que a gente consiga resolver tudo rápido;, afirmou a proprietária do comércio, Neide Rodrigues Ramos.
Sem luz
As chuvas de ontem deixaram pelo menos quatro pontos do DF sem luz pela manhã. As interrupções, segundo a Companhia Energética de Brasília (CEB), começaram por volta das 8h. Na Asa Norte, duas árvores atingiram a rede elétrica e provocaram apagão entre as quadras 711 e 714. No Lago Norte, a queima de uma chave-fusível comprometeu o fornecimento de energia entre as QIs 1 e 5. Do outro lado da cidade, no Lago Sul, um cabo partido deu trabalho à equipe da CEB: moradores das QIs 25, 26, 27, 28 e 29 ficaram sem o serviço. O vento também partiu um cabo no Paranoá, onde faltou energia das quadras 21 a 29. De acordo com a CEB, a energia se restabeleceu às 11h30 em todos os pontos, salvo em algumas residências que apresentaram problemas específicos.
Ontem, 64 equipes da empresa estiveram de plantão à espera de ocorrências provocadas pela chuva. A central de atendimento recebeu reforço, podendo atender até 7 mil ligações diárias. Para hoje, 30 grupos de funcionários da CEB estão escalados para garantir o fornecimento de energia elétrica durante o período eleitoral. Haverá empregados de plantão nos tribunais eleitorais.
O trânsito na capital do país também não ficou de fora dos imprevistos causados pelo tempo chuvoso. Na BR-060, próximo à entrada do Riacho Fundo, uma carreta carregada com 30 toneladas de soja vinha de Mato Grosso e tombou, por volta das 2h. A pista estava molhada e, por isso, o motorista do veículo, José Tonazeli, 30 anos, perdeu o controle. Ele teve ferimentos leves no rosto e nos braços. Até às 15h30, a carreta ainda não havia sido retirada da rodovia.
Os desdobramentos das chuvas causaram mais danos materiais. Pela manhã, uma árvore caiu em cima de três carros estacionados no Bloco J/H da 306 Sul. O incidente trouxe prejuízos materiais para os donos dos veículos. Mais cedo, a forte chuva derrubou parte do muro de uma chácara da QI 26 do Lago Sul. Também houve engavetamento de cinco veículos na 711 Sul. No evento Sábado Aéreo, que comemorou o dia do aviador e da Força Aérea Brasileira (FAB), a Esquadrilha da Fumaça acabou impedida de fazer uma apresentação durante a manhã em decorrência das precipitações.
1 - Fim da seca
Por mais que o sol volte a aparecer, a umidade relativa do ar deve permanecer amena. Segundo especialistas, a seca deste ano terminou. A estiagem de 2010 castigou Brasília durante 125 dias. As primeiras chuvas chegaram ainda tímidas no último dia 28. O período de seca foi o maior dos últimos cinco anos, quando registrou recordes de queimadas. Até 20 de setembro, o Corpo de Bombeiros atendeu 2.686 ocorrências em todo o DF somente neste ano.