Mais um feriadão terminou e os comerciantes de Brasília voltaram a enfrentar um problema recorrente: a cidade fica vazia com boa parte da população viajando, e, consequentemente, os lucros caem. Em 2010, há um agravante da questão. Em dissídio com os trabalhadores, os comerciantes ainda não conseguiram entrar em um acordo sobre folgas nos feriados. Em razão da briga, 7 de setembro deste ano foi um dia em que todos os estabelecimentos de rua e a maioria dos que funcionam nos shoppings da cidade, os que mais lucram nessas datas, fecharam.
Pelo mesmo motivo, ainda está ameaçado o funcionamento do comércio nas quatro próximas datas comemorativas do calendário: Dia de Nossa Senhora Aparecida, em 12 de outubro, Dia de Finados, Proclamação da República e Dia do Evangélico, em 2, 15 e 30 de novembro, respectivamente. Outro ponto negativo para os lojistas é que este ano há mais feriados em dias úteis do que 2009: são 14 contra 11. Diante do cenário, a previsão da maioria das entidades representativas do setor é de prejuízo nos meses de feriado prolongado.
;Estamos prevendo que setembro será um mês com números a desejar;, afirma Geraldo Araújo, vice-presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas do Distrito Federal (CDL-DF). De acordo com ele, feriadões geralmente atrapalham as vendas, com exceção das datas que são, ao mesmo tempo, comemorativas e comerciais ; caso da Páscoa, por exemplo. ;Se emenda (o feriado), é ruim. Chega a ter queda de até 3% nas vendas no mês cheio, comparado ao mês anterior. A gente quer que resolva logo o dissídio, para haver menos incerteza;, diz. Segundo Araújo, o sete de Setembro penalizou especialmente os comerciantes, por ter caído próximo do quinto dia útil do mês, quando o salário cai na conta da maioria dos trabalhadores.
Vice-presidente do Sindicato do Comércio Varejista do DF (Sindivarejista-DF), Edson de Castro admite que feriados prolongados são ;complicados; para os lojistas e que o impasse na negociação salarial com os comerciários é negativo para a atividade econômica. Mas é menos pessimista quanto ao impacto causado nas vendas nos feriados, seja pelo conflito entre patrões e empregados, seja pela baixa normal nas vendas em razão do esvaziamento da cidade. ;No Dia da Independência, as lojas não abriram, mas houve o fim de semana e a véspera do feriado. Quem ficou em Brasília aproveitou para passear, principalmente no shopping;, comenta. ;Brasília está com shoppings de primeira linha e já recebe mais turistas.;
Uma loja de artigos esportivos que funciona no Terraço Shopping foi obrigada a fechar ontem, sob a pena de ser multada pela Justiça trabalhista, mas adotou uma estratégia a fim de minimizar perdas nas vendas. A vendedora Bruna Ranielle de Azevedo Silva, 22 anos, conta que o estabelecimento abriu um quiosque na Esplanada dos Ministérios, onde comercializou seus produtos que fazem mais sucesso. ;Levamos todas as camisas oficiais de time, nacionais e internacionais, e as canecas, que são muito queridas;, conta.
Bares e restaurantes
Se os feriadões são um mau negócio para as lojas do varejo, bares e restaurantes comemoram. Segundo o presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar), Clayton Machado, a data-base dos trabalhadores do segmento foi negociada pacificamente e os estabelecimentos abrem nos feriados. ;A hotelaria está ruim porque nenhum esforço é feito no sentido de captar turistas, mas a gastronomia e os bares captam aqueles clientes que não viajaram;, afirma.
Gerente de um restaurante especializado em frutos do mar, Antônio Bispo diz que feriados geralmente alavancam as vendas da casa. ;Para a gente é muito bom, porque segunda, terça e quarta-feira são dias de pouco movimento para nós em épocas normais. Nos feriados prolongados que pegam o início da semana, isso muda totalmente;, diz.
Pauta
Os comerciários do Distrito Federal reivindicam reajuste salarial de 10%; tíquete-alimentação para todos os trabalhadores; aumento no valor do tíquete de R$ 5,50 para R$ 10 e piso salarial de R$ 650. Na segunda-feira, os funcionários organizaram um protesto no shopping Pátio Brasil e, na sexta-feira última, o mesmo ocorreu no Conjunto Nacional. De acordo com o Sindicato dos Comerciários do DF (Sindcom-DF), os patrões oferecem reajuste de 5,7% e piso salarial de R$ 582,46, além de exigir que os empregados trabalhem em feriados que não estavam previstos em acordos anteriores, como a terça-feira de carnaval. A convenção coletiva dos cerca de 100 mil comerciários que atuam em Brasília e região venceu em maio e, como não houve acordo entre trabalhadores e comerciantes, a negociação foi a dissídio. Este ano, a categoria não trabalhou domingo, segunda e terça-feira de carnaval, assim como na sexta-feira santa.
O que vem por aí
Os próximos feriados
; 12 de outubro, terça-feira, Dia de Nossa Senhora Aparecida
; 2 de novembro, terça-feira, Dia de Finados
; 15 de novembro, segunda-feira, Proclamação da República
; 30 de novembro, terça-feira,Dia do Evangélico