A umidade no Distrito Federal ontem foi a segunda mais baixa da história e a menor dos últimos seis anos. De acordo com informação do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), pouco após as 15h, o índice, que oscila ao longo do dia, chegou a 12%. O patamar é crítico, mas o DF já cravou índices menores ; 10% ; em duas ocasiões: 2 de agosto de 2002 e 4 de setembro de 2004. Este ano, o menor percentual registrado desde o início da estiagem havia sido de 15%, em 8 de junho. Além da menor umidade relativa do ar em 2010, Brasília alcançou outra marca preocupante no sábado: a de 100 dias sem chuva. A temperatura variou entre 16;C e 29;C.
De acordo com Maria das Dores Azevedo, meteorologista do Inmet, o domingo será parecido com o sábado. A temperatura oscilará entre 15;C e 30;C, e a umidade, entre 15% e 50%. ;Deve haver sol forte, poucas nuvens e névoa seca.; Para os demais dias do feriadão de 7 de setembro, a previsão é a mesma.
Segundo o major Alexandre Ataíde, oficial de plantão da Defesa Civil do Distrito Federal, o órgão ficará atento diante da situação de umidade reduzida registrada neste sábado. Ele afirma, no entanto, que a situação não exige medidas drásticas. Seguindo orientação da Organização Internacional de Proteção Civil, a Defesa Civil do DF precisa decretar estado de emergência quando a umidade relativa do ar fica abaixo de 12%, o que ainda não ocorreu. Nesse caso, é recomendada a suspensão de todas as atividades ao ar livre nas horas de maior intensidade do sol ; entre as 10h e as 16h ;, a interrupção das aulas e a redução da carga horária nas empresas e nas repartições públicas.
;Vamos manter contato com o Inmet e monitorar a situação. Mas essa queda acentuada ocorreu em um horário de pico de calor. Nesse caso, o índice baixo dura de 30 a 40 minutos e costuma aumentar ao cair da tarde, com as temperaturas mais amenas;, explicou. De acordo com ele, os moradores do Distrito Federal devem continuar tomando os cuidados habituais dos meses de seca. Entre eles, ingerir bastante líquido, evitar atividades físicas ao ar livre nas horas mais quentes do dia e não tomar banhos prolongados com água quente (veja quadro).
O major Alexandre Ataíde lembra, ainda, que há um mês e meio, em uma reunião com a Secretaria de Educação, a Defesa Civil já deu orientações sobre cuidados relativos às aulas de educação física nas escolas do DF.
Proteja-se*
; Aumente a ingestão de líquidos e beba água mesmo sem ter sede. O recomendável são pelo menos seis copos de tamanho médio por dia.
; Evite banhos prologados com água quente.
; Modere o uso de sabonete, pois ele contribui para eliminar a oleosidade natural da pele.
; Pingue duas gotas de soro
fisiológico em cada narina algumas vezes durante o dia. Esse procedimento evita o ressecamento nasal, diminuindo a ocorrência de sangramento.
; Evite ligar aparelhos de ar-condicionado, pois eles retiram ainda mais a umidade do ambiente.
; Use roupas leves.
; Faça refeições leves, com frutas e verduras.
; Evite exercícios físicos no período das 10h às 16h.
; Combata o ressecamento da pele com hidratante ou óleo vegetal, e o dos lábios, com manteiga de cacau.
; Nas horas mais quentes do dia, proteja-se com sombrinha ou guarda-chuva.
Pausa refrescante
Camila de Magalhães
Mesmo com o forte calor e a secura de ontem, crianças e adultos não deixaram de praticar atividades físicas no Parque da Cidade. A todo tempo, no entanto, era preciso dar uma paradinha para se refrescar. Bebedores, umidificadores e chuveiros foram os pontos mais concorridos. As vendas de água de coco também registraram recorde, segundo Luiz Sudário, balconista do Quiosque do Atleta. ;Essa quenturinha foi muito boa para nós. Só hoje, vendemos mais de 500 cocos.;
O atendente Thiago Antunes da Silva, 20 anos, sofreu com a baixa umidade. ;Em repouso, já senti que estava difícil respirar. Pedalando de casa para o metrô, senti muito mais. Está impossível;, comentou, logo após tomar uma boa ducha. ;Se não tomasse esse banho, não ia aguentar. Também tenho que beber água o tempo todo.;
O enfermeiro Reginaldo Francisco de Figueiredo, 34, aproveitou a folga para curtir um dia de lazer com as filhas e as afilhadas, munido de água e muito filtro solar. ;Chegamos cedo para elas ficarem no parquinho, mas deu 10h e era impossível ficar lá por causa do calor. Aí, fomos para a sombra;, contou o morador de Ceilândia, que logo viu as meninas arrumarem uma ótima saída para se livrar da seca: entrar de roupa e tudo embaixo do chuveiro.
;Estava muito quente, até o chão ficou assim;, observou a pequena Kaliny da Cunha, 7 anos. Juliana dos Santos Veras, 10, não está gostando nada desta fase do ano. ;Às vezes, meu nariz sangra, é muito ruim.;