Jornal Correio Braziliense

Cidades

GDF troca comando na Gerência de Condomínios

Diante da lentidão na análise dos processos de mais de 500 parcelamentos ilegais, governo decide pela substituição do titular do órgão

Em 2010, o governo regularizou apenas dois parcelamentos ilegais. Parte do Itapoã e o Condomínio Verde receberam licenças ambientais e tiveram seus projetos urbanísticos aprovados há dois meses. Mas os processos de mais de 500 parcelamentos ilegais continuam na fila. Para tentar acelerar a regularização, o governador Rogério Rosso (PMDB) decidiu trocar o comando da Gerência dos Condomínios, orgão vinculado à Secretaria de Governo. Ontem, o GDF exonerou Guilherme Abdala do comando do Grupo de Análise e Aprovação de Parcelamentos do Solo (Grupar). Em seu lugar, assume Dimas Moreira Júnior, técnico de carreira do Instituto Brasília Ambiental.

O governo estava incomodado com o ritmo lento da análise dos processos. Como mais de 25% da população do Distrito Federal vive em áreas com problemas ambientais ou fundiários, a regularização é uma bandeira importante para quem está à frente do GDF. Mas técnicos ouvidos pelo Correio garantem que estavam seguindo os trâmites legais e negam uma paralisação da área. O novo chefe do Grupar, Dimas Moreira Júnior, afirma que é possível dar mais agilidade ao setor e promete regularizar pelo menos 70 condomínios até o fim do ano.

Formado em administração de empresas e com curso de especialização em gestão ambiental, Dimas é funcionário do executivo local há cinco anos. Como servidor do Instituto Brasília Ambiental, integrava o Grupar desde a sua criação, em 2008. A assessoria de imprensa da vice-governadora Ivelise Longhi ; que é arquiteta e controla pessoalmente as áreas de habitação e regularização de parcelamentos ; informou que o GDF estabeleceu como prioridade da nova gestão a legalização de áreas de baixa renda. Mas Dimas se comprometeu também a aprovar projetos de condomínios de classe média localizados em áreas públicas e particulares.

O Arapoanga, na região de Planaltina, deve ser um dos primeiros a ser regularizado, entre os parcelamentos voltados à população de menor poder aquisitivo. A região é habitada por 80 mil pessoas e, de acordo com o novo gerente do Grupar, está em estágio avançado no processo de legalização. ;Não haverá mudanças de equipe, a ideia é estabelecer uma política de resultados, dentro de critérios técnicos e legais. Vamos acelerar as análises mas sem correria, liberando as licenças aos poucos, conforme o entendimento dos funcionários do Grupar;, explica Dimas.

O novo gerente da pasta também pretende estreitar o contato com o Instituto Chico Mendes, já que a liberação da licença ambiental de algumas áreas depende do aval do órgão do governo federal. Quando os parcelamentos estão próximos a unidades ecológicas federais, os técnicos da União precisam participar das avaliações. ;Hoje, temos mais de 60 processos que dependem do Instituto Chico Mendes. Esperamos resolver essas pendências;, afirma Dimas Moreira Júnior.

Um técnico da área de regularização do governo contou à reportagem que os servidores do Grupar sofrem com frequência pressões de representantes do governo e de empreendedores interessados na legalização de áreas particulares. ;Não dá para sair aprovando tudo. Depois é a gente que responde por ter liberado o processo que não deveria. Não há lentidão, só seguimos os ritos legais;, contou o servidor, que pediu para não ser identificado.

Terracap
Entre as áreas de classe média, a primeira a ser regularizada, segundo o novo gerente, será o Setor Habitacional Dom Bosco, no Lago Sul. Além do condomínio Villages Alvorada, que fica à beira do espelho d;água, a medida vai permitir a criação de duas novas quadras no bairro mais nobre de Brasília: a QI e a QL 30. Quando completamente legalizado, o Villages Alvorada vai se tornar a quadra QL 32, pelo projeto urbanístico em análise no Grupar.

As duas novas quadras do Lago Sul terão 150 lotes, que deverão ser licitados pela Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap). O Villages Alvorada tem 450 terrenos, a maioria deles ocupados. O Plano Diretor de Ordenamento Territorial (Pdot) prevê a regularização fundiária por setores. Por isso, o governo elaborou o projeto urbanístico de toda a região, em vez de fazer análises específicas para o condomínio e para as novas quadras.

Esta é a terceira vez que o GDF anuncia a regularização do Setor Habitacional Dom Bosco. Nas outras tentativas de legalizar a área, o executivo esbarrou no problema das construções irregulares em áreas de preservação ambiental. No Villages Alvorada, há pelo menos 10 casas edificadas a menos de 30 metros do Lago Paranoá ; o que é proibido pela legislação ambiental. O Ministério Público do DF vetou a regularização antes da demolição de todas as construções ilegais.

Desta vez, o gerente Dimas Moreira Júnior garante que a questão está resolvida. ;A licença vai listar todos os lotes que estão em Área de Preservação Permanente para que eles sejam desconstituídos;, explica. A Secretaria de Ordem Pública vai ter 30 dias a partir da data de emissão da licença para notificar os moradores. A partir daí, o prazo para retirada das casas em APP é de 12 meses.