O relatório da CPI da Codeplan foi encerrado, lido, votado e aprovado na semana passada. Mas ontem, integrantes da comissão parlamentar de inquérito que investigou suposto esquema de corrupção no GDF tomaram uma atitude inusitada. Reuniram-se para tentar convencer o relator da CPI, Paulo Tadeu (PT), a mexer no texto final. Entre as alterações, os distritais falam, inclusive, em retirar nomes para os quais houve pedido de indiciamento.
A aparente sintonia entre oposição e governo ; que juntos aprovaram o relatório por quatro votos na quarta-feira passada ; durou pouco. Depois de encerrada a CPI, o presidente da comissão, Aguinaldo de Jesus (PRB), além dos distritais Raimundo Ribeiro (PSDB) e Cristiano Araújo (PTB) questionaram alguns trechos do relatório e pediram revisão. Segundo Paulo Tadeu, os colegas se posicionaram contra a inclusão dos nomes do ex-vice governador Paulo Octávio, do ex-secretário de Governo José Humberto Pires, do ex-chefe de gabinete Fábio Simão e do ex-corregedor do DF Roberto Giffoni na lista de pedidos de indiciamento elaborada pela CPI. Entre os 22 nomes sugeridos, estão os dos ex-governadores Joaquim Roriz (PSC) e de José Roberto Arruda.
Na tarde de ontem, Aguinaldo organizou uma reunião com os deputados que integraram a CPI da Codeplan. Estiveram presentes Raimundo Ribeiro e Cristiano Araújo. Paulo Tadeu não foi. Mandou, no entanto, dois técnicos que participaram da confecção do relatório e o representaram. Ao ser informado do teor do encontro, Paulo Tadeu reagiu: ;Em hipótese nenhuma vou participar dessa manobra indecorosa, ilegal, imoral, articulada por um conjunto de pessoas que foram, inclusive, indiciadas pelo esquema de corrupção;. Para Tadeu, os distritais que foram da base do governo estariam sendo pressinados a retirar os nomes de alguns políticos citados.
Os deputados teriam usado como argumento o fato de que o relatório da Polícia Federal, divulgado um dia antes das conclusões da CPI, indiciou menos pessoas que a lista proposta pela Câmara. Os parlamentares teriam dito também que no dia da votação do relatório final da comissão, o Correio havia antecipado parte das informações contidas no texto do relator. Como Paulo Tadeu não aceitou as alegações dos colegas, o presidente da comissão, Aguinaldo de Jesus, decidiu convocar uma reunião para hoje, às 10h, cujo item 2 da pauta é a leitura e a votação do relatório final da CPI (veja fac-símile). Na noite de ontem, no entanto, houve um recuo. A reunião pode não ocorrer.
;Voto de confiança;
Aguinaldo de Jesus nega que tenha como objetivo retirar nomes de políticos e ex-integrantes do governo indicados no relatório para indiciamento. ;As reuniões são para discutir se algumas correções pedidas foram feitas, ninguém falou em nomes. Não sei de onde está saindo essa história. Se o Paulo Tadeu continuar nesse caminho de querer pressionar os deputados, não vamos encaminhar esse relatório a canto nenhum.
Raimundo Ribeiro confirmou, porém, que a questão dos indiciamentos foi discutida durante o encontro. Cristiano Araújo teria questinado a legitimidade da CPI para fazer tal tipo de apontamento. ;Na semana passada, Paulo Tadeu apresentou o relatório e nós demos um voto de confiança. Aprovamos o texto com a ressalva de que faríamos uma leitura mais aprofundada e apontaríamos eventuais correções. Portanto, foi uma aprovação parcial. Algumas sugestões foram feitas e isso é o que vamos discutir com a toda transparência, até porque a reunião está marcada para ocorrer em plenário com a presença de todos;, disse Ribeiro.