Jornal Correio Braziliense

Cidades

Com pouca sinalização e identificação, Areal dá dor de cabeça aos moradores

Existem dificuldades em receber correspondências, contas e até visitas

Receber uma carta ou uma visita não é tão simples para os moradores do Areal quanto para os que vivem no centro de Águas Claras. Não bastasse o confuso sistema que organiza a colocação dos conjuntos edas quadras, as ruas não oferecem placas que indiquem o caminho correto do endereço desejado. Da mesma forma que os pedestres, os motoristas também não contam com uma orientação eficiente: apenas a rua principal do bairro exibe sinalização de trânsito.

Moradora do Areal há 12 anos, Rosilda Machado, 44 anos, diz não entender por que a rua onde vive não tem placas como as de Taguatinga, indicando os caminhos corretos para cada quadra e conjunto. Para a dona de casa, a falta de sinalização pode ter sido o motivo do não recebimento de diversas contas telefônicas, cuja falta de pagamento levou à reclamação da companhia. ;Eles ligaram dizendo que eu não havia pago, mas eu nem tinha recebido a conta. No dia em que ela chegou, já havia passado o prazo de vencimento;, reclama.

A falta de uma sinalização apropriada também causou problemas ao vendedor Ricardo Aguiar, 22 anos. Em apenas seis meses morando no Areal, ele ainda encontra dificuldade de explicar onde mora. No trajeto para sua casa, perdem-se até simples entregas de pizza, assim como importantes encomendas ; e, entre as que encontram o caminho, poucas são as que chegam no prazo estipulado. Após três semanas aguardando receber sua Carteira Nacional de Habilitação, Ricardo teve de ir pessoalmente a três agências dos Correios para buscar o documento, pois não sabia qual era a área que abrange a rua em que mora: Riacho Fundo, Taguatinga ou Águas Claras. ;Se perguntarem onde eu moro, eu não sei dizer;.

Como muitos, Ricardo ainda não entendeu a lógica dos endereços do Areal, e a única forma que encontrou de se orientar na área é contar com as placas instaladas pelos próprios habitantes nas fachadas das casas. Alguns moradores chegam, ainda, a buscar visitas na pista principal ou a apelar para referências visuais na hora de dar direções para quem não conhece a área. Mas, quando nem assim é possível encontrar o destino, visitantes e moradores têm de apelar à consulta dos que passam por perto ; nem sempre bem informados. ;É meio complicado, os conjuntos vão de quatro em quatro, então fica meio confuso para quem não conhece;, tenta explicar Maxwell Tavares, 32 anos. O técnico de áudio recorre a mapas na internet para localizar sua moradia em meio às ruas sem nome e está acostumado a dar informações todos os dias para pessoas perdidas no Areal. ;Quem vem pela primeira vez se assusta, é só no boca a boca mesmo.;

Só com mapa
Mesmo profissionais como o carteiro Edivaldo Ribeiro precisam do auxílio de um mapa para se situar no Areal. Familiarizado com a área há 10 anos, ele reconhece que, no início, entregar cartas no local não era tarefa fácil. ;Eu tinha de perguntar aos moradores, mas nem eles sabiam. Mas com o tempo a gente vai entregando e grava os endereços.; Embora o carteiro não se perca mais procurando pelos destinatários de encomendas, ele admite que a sinalização ainda faz falta. ;Antes eu trabalhava na Asa Sul, e as entregas eram mais rápidas;, compara.

Segundo a assessoria dos Correios, esse problema não é exclusivo do Areal. Áreas como Arniqueiras (também em Águas Claras), Cidade Estrutural e locais que ainda estão em processo de regularização costumam oferecer as mesmas dificuldades para o trabalho dos carteiros. Para evitar o transtorno na distribuição, o órgão aconselha que todos os moradores pesquisem os CEPs corretos de suas residências e atualizem seus endereços em cadastros de bancos, companhias telefônicas e outros remetentes.

A Administração de Águas Claras ressalta, via assessoria de imprensa, que a instalação das placas de toda a área vertical da cidade foi concluída em maio ; obra que, de acordo com a Secretaria de Estado de Transporte do DF, totalizou cerca de 500 placas e R$ 200 mil em investimentos. Somente após o término dessa fase foi possível iniciar os estudos para a implementação da sinalização de endereçamento também em Areal e Arniqueiras. ;Os processos estão na sequência para execução. O pedido já foi encaminhado aos órgãos competentes e eles estão tomando as providências;, garante o diretor de Obras da administração local, Evandro Jorge de Andrade.

A Subsecretaria de Infraestrutura e Transporte Público alerta que ainda não recebeu da administração a planta baixa da área, documento essencial para a confecção das placas. Somente se a planta for enviada nos próximos dias, como promete a administração, será possível a sinalização do Areal até o fim do ano. ;Agora aguardamos a planta baixa do local para fazer o estudo e incluir o Areal no cronograma de atendimento de 2010;, ressalta Jorge Miura, diretor de infraestrutura do órgão. A fabricação das placas consome um mês, e outros 30 dias são necessários para a instalação das mesmas.