Os eleitores do Distrito Federal sabem exatamente o que querem do próximo governador. Saúde e segurança são apontados por mais da metade das pessoas entrevistadas pelo Instituto FSB de Pesquisa como as principais deficiências da capital. Atentos às demandas da sociedade, os candidatos priorizam os temas no dia a dia das campanhas. Às vezes, as propostas são tão mirabolantes que despertam a desconfiança do povo. Outros problemas destacados pelos eleitores são corrupção na Câmara Legislativa, desemprego, educação e trânsito. Na hora de apontar o principal aspecto positivo, 35,1% não sabem o que dizer.
[SAIBAMAIS]Entre idas e vindas a postos de saúde, ao Hospital de Base e ao Hospital Regional da Asa Norte (Hran), a dona de casa Maria José Bastos, 47 anos, moradora da Candangolândia, acumula cinco anos tentando marcar uma microcirurgia para retirar um nódulo na mama. Depois de muita espera, a filha de dona Maria, a revisora de textos Rose Bastos, 28, conseguiu marcar no Hran os exames pré-operatórios. A cirurgia, no entanto, não foi agendada. ;Não conseguimos no Hospital de Base porque eles têm uma lista imensa de gente com câncer maligno;, diz a filha.
Só para pegar os exames no HBDF, mãe e filha tiveram de esperar por mais de três horas. A dificuldade em conseguir atendimento coloca as duas no grupo formado por 31,6% dos brasilienses que vê a saúde pública como o maior problema a ser resolvido pelo próximo governante. ;Os políticos terão de dar uma atenção especial aos hospitais públicos;, afirma Rose. ;A saúde está precária. Quem precisa do serviço lida com situações desumanas;, completa a mãe.
As duas maiores coligações ; Esperança Renovada, de Joaquim Roriz (PSC), e Novo Caminho, de Agnelo Queiroz (PT) ; bolaram estratégias específicas para a saúde. Os candidatos majoritários das chapas prometem cuidar pessoalmente do setor. Agnelo é médico cirurgião e promete ser governador e secretário de Saúde ao mesmo tempo. ;No meu primeiro dia de governo, assumo diretamente a gestão;, garante. A meta do petista é despachar, pelo menos uma vez por semana, de dentro de um hospital público e percorrer todas as unidades nos primeiros cem dias de gestão.
O candidato a vice-governador da Esperança Renovada, Jofran Frejat (PR), terá responsabilidade parecida, mas não assumirá a pasta. ;Não preciso ser o secretário, mas vou coordenar diretamente todas as ações da área;, garante. Ele é deputado federal e foi secretário de Saúde do DF por quatro vezes. ;Quando assumi, em 1979, o caos era igual, com uma insatisfação generalizada. Em dois anos, a gente mudou a cara da Saúde.;
O NÚMERO
Pesquisa
Dos eleitores entrevistados, 31,6% apontam a saúde pública como o maior problema a ser resolvido pelo próximo governador
;Falta polícia nas ruas;
Também não é difícil encontrar um brasiliense insatisfeito com a segurança pública, segunda área mais lembrada na lista de deficiências da capital ; 22,7% dos eleitores a apontam como grande problema. Caso do servidor público Marcelo Guimarães, 39 anos, morador de Sobradinho: ;Brasília é uma cidade boa para se viver, mas a segurança piorou muito nos últimos anos. Não me sinto à vontade sequer para deixar meu filho ir sozinho à escola, a 200 metros da nossa casa;.
O vendedor Eduardo Dantas, 20 anos, morador do Cruzeiro Novo, assaltado duas vezes neste ano, engrossa a queixa: ;Falta polícia nas ruas e os postos policiais não têm nenhuma mobilidade. O governo não é confiável, mas se cada um fizer sua parte e votar com consciência, podemos mudar isso;.
Uma das promessas dos concorrentes ao Palácio do Buriti é a revisão dos postos comunitários de segurança. A grande aposta do governo passado não faz a cabeça dos atuais candidatos. Para Newton Lins (PSL), a iniciativa é ineficaz, uma vez que imobiliza o policial nos postos, ;apesar de propiciar uma falsa sensação de segurança;.
Outros dois postulantes têm ideias mais ousadas. Toninho do PSol quer acabar com o Batalhão de Operações Especiais (Bope) para colocar os militares no policiamento comunitário. Por sua vez, Ricardo Machado (PCO) pretende dar um fim às polícias Militar e Civil. ;Em seu lugar, será criada uma milícia diretamente controlada pela população, em âmbito local e com a participação direta da comunidade, com os seus oficiais eleitos democraticamente pela tropa.;