Jornal Correio Braziliense

Cidades

No DF, há 500 construções sendo monitoradas por comitê criado pelo governo

Algumas, como as duplicações de pistas, trazem muitos transtornos. Os congestionamentos são inevitáveis

Brasília está longe de perder o título de canteiro de obras. Alargamentos de pistas, viadutos e prédios públicos que há tempos tiveram seus esqueletos demarcados permanecem fechados por tapumes, cones e placas de interdição. A população não tem alternativas. O jeito é engolir muita poeira e aguentar os congestionamentos quilométricos, enquanto os responsáveis dão continuidade aos serviços, que, na opinião de alguns, parecem não sair do lugar.

A demora na duplicação da Estrada Parque Vicente Pires (EPVP), a DF-079, incomoda moradores de Águas Claras e do Park Way. A administradora Adriana Rezende, 45 anos, mora em um dos condomínios da região e se depara com várias situações de risco quando vai para casa. ;A sinalização é ruim. Em alguns pontos, o motorista não consegue saber se está no sentido certo ou se entrou na contramão;,

exemplifica. Segundo ela, a obra se arrasta por mais de um ano. ;A casa não fica limpa de tanta poeira;, conta. O Departamento de Estradas de Rodagens (DER-DF) garante que o alargamento da EPVP está em fase final, mas não tem previsão de término da obra.

Na DF-047, que vai do fim do Eixão Sul ao Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, não há operários nem tratores. A ausência do maquinário não significa que os serviços na região terminaram. Quase toda a rodovia tem três faixas de rolamento, menos a ponte sobre o Córrego Riacho Fundo, que ainda conta com apenas duas. O afunilamento de veículos nos horários de pico é inevitável. ;Tem mais de um ano que a situação é a mesma e os engarrafamentos continuam;, explica o pedreiro Odair Ferreira, 30 anos, que costuma passar pela pista em direção a Santa Maria.

Os blocos de concreto do trecho inacabado já foram instalados na DF-047 para abrigar a terceira faixa de rolamento da ponte. Para pavimentá-la e liberá-la para o trânsito de veículos, o DER precisa de uma licença ambiental. O órgão aguarda a aprovação do documento protocolado no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para concluir os serviços.

Avaliação
O Governo do Distrito Federal criou o Comitê de Acompanhamento e Avaliação de Obras, formado por sete secretarias diferentes. Juntos, os órgãos monitoram cerca de 500 construções e revitalizações ; não só as de trânsito ; por toda a cidade. Do total, apenas 23 foram entregues à população, incluindo serviços nas áreas de transporte, social, saúde e educação. As outras são liberadas aos poucos, com a duplicação da Estrada Hotéis e Turismo, que passa pela Vila Planalto até o Palácio da Alvorada.

A finalização do complexo viário de interligação do Setor de Autarquias Sul com a L4 Sul, na altura da Ponte JK, segue o mesmo ritmo. ;Não estamos esperando toda a pista ficar pronta. Estamos entregando em etapas;, afirma a vice-governadora do DF, Ivelise Longhi. Segundo ela, o viaduto da L2 Sul está pronto, mas os acessos ao Setor de Embaixadas ainda não foram liberados por falta de sinalização e iluminação. ;Até o fim do ano, tudo estará concluído;, adianta Ivelise. Ao todo, os serviços na região custaram R$ 21 milhões.

A nova sede da 5; Delegacia de Polícia também vai demorar a ficar pronta. O prédio, localizado entre o Shopping ID e o Estádio Mané Garrincha, é um esqueleto. A Polícia Civil informa que a empresa responsável pela construção faliu e, por isso, os serviços pararam. Segundo a corporação, uma nova licitação está em andamento.

"Não estamos esperando toda a pista ficar pronta. Estamos entregando em etapas"
Ivelise Longhi, vice-governadora do DF


A meta dos candidatos

>> Juliana Boechat

Os candidatos ao Buriti prometem dar um destino às 2 mil obras iniciadas durante a gestão do ex-governador José Roberto Arruda. Muitas delas permanecem inacabadas ou tiveram o prazo final adiado graças à crise política que tomou conta do Distrito Federal em novembro de 2009. Com a instabilidade e a ameaça de intervenção federal na capital do país, muitos investidores deixaram de injetar dinheiro nas obras de infraestrutura e contratos foram congelados por suspeita de fraude. Os candidatos a governador garantem que encontrarão formas de finalizar as obras. E explicam que a população não pode ser prejudicada com investimento pela metade.

Segundo o coordenador de comunicação da campanha de Agnelo Queiroz (PT), Luis Costa Pinto, as obras serão finalizadas com autorização da Justiça local e do Ministério Público. ;Se houver alguma orientação de cancelamento de contratação ou casos de recontratação de serviços, Agnelo obedecerá da forma mais célere possível;, disse. Ele explicou ainda que, durante a transição entre os dois governos, caso o petista seja eleito, a equipe realizará um levantamento para saber a situação de cada construção. ;Não haverá um cemitério de obras inacabadas;, prometeu.

Prioridade
O coordenador de comunicação da campanha de Joaquim Roriz (PSC), Paulo Fona, seguiu a mesma linha. Ele garantiu que, caso o ex-governador seja eleito, ele concluirá todas as obras importantes do governo anterior. ;Vai ser prioridade. Não se pode desperdiçar recursos públicos, então Roriz concluirá tudo o que está pela metade ou atrasado;, afirmou. O engenheiro civil e candidato pelo Partido Verde, Eduardo Brandão, promete realizar auditoria nos contratos com a Terracap para verificar o plano de atendimento das obras. ;É necessário que essas obras continuem, mas não no frenesi de fazer milhões de coisas ao mesmo tempo;, defendeu.

Toninho do PSol também não tem pressa. ;Vamos realizar uma auditoria nos contratos para saber a situação de cada obra inacabada;, defendeu. Arquiteto, o candidato pelo PCB, Frank Svensson, confessou não saber a relação de obras inacabadas. ;Temos que estudar cada caso.; Segundo a assessoria de imprensa de Ricardo Machado, do PCO, a proposta do candidato é rever os contratos públicos para identificar superfaturamentos e desvios de verba. E, segundo a equipe dele, a população decidirá as obras que serão prioridade. O Correio não conseguiu falar com Newton Lins (PSL) e Rodrigo Dantas (PSTU) até o fechamento da edição