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Mercado imobiliário aquecido aumenta preço de imóveis usados

Parceria entre o Sindicato de Habitação e a UnB mapeia os preços de venda e de aluguel de imóveis no Distrito Federal e aponta crescimento. Dados serão divulgados mensalmente pelas entidades

O aquecimento do mercado imobiliário no Distrito Federal faz com que investidores paguem cada vez mais caro por imóveis usados. Pesquisa inédita coordenada pelo Sindicato de Habitação do DF (Secovi-DF), em parceria com a Econsult ; empresa júnior do Departamento de Economia da Universidade de Brasília ; , mapeou os preços de venda e de aluguel de casas e apartamentos já construídos.

Os números divulgados ontem referem-se ao mês de junho, quando o preço do metro quadrado para venda atingiu R$ 9,2 mil em um apart-hotel da Asa Norte. O valor mais baixo, de acordo com informações colhidas nas principais imobiliárias do DF, foi de R$ 2,1 mil em uma casa de três quartos no Guará, avaliada em R$ 370 mil.

Os imóveis residenciais corresponderam a 78% dos usados colocados à venda em junho. Desses, a maior parte eram apartamentos de dois ou três quartos (40%), com preços que variavam de R$ 100 mil a R$ 1,3 milhão. O valor de apartamentos com quatro quartos alcançava R$ 2,5 milhões. Casas com quatro ou seis cômodos eram anunciadas a R$ 10 milhões.

Comprar na Asa Norte, em geral, custa mais do que na Asa Sul. Já em comparação com o Plano Piloto, os preços do mercado em Águas Claras continuam menores. Em cidades como Ceilândia, Guará e Taguatinga, que vivem um boom imobiliário, o metro quadrado de imóveis usados não sai por menos de R$ 2,1 mil. Em apartamentos de dois quartos no Guará, o preço sobe para R$ 3,8 mil.

Nas quitinetes, que chegam a valer R$ 376 mil, o metro quadrado pode chegar a R$ 5,8 mil. ;Os números reforçam o bom momento do mercado e balizam a decisão de quem está investindo em imóveis;, comenta o presidente do Secovi-DF, Carlos Hiram Bentes David. ;Falar em ;bolha; no DF é uma visão não só pessimista, como irresponsável;, completa.

Presente na entrevista coletiva em que os números foram divulgados, o chefe do Departamento de Economia da UnB, Roberto Ellery, também disse que também não encara assim o fenômeno imobiliário no DF. ;Só a longo prazo entenderemos melhor o que está acontecendo. Mas quando há um aumento de demanda rápido e uma oferta lenta, como é o caso, o preço aumenta, não tem jeito;, diz.

Melhor investimento
O deficit habitacional no Distrito Federal era, em 2009, de 51,2 mil moradias, segundo um estudo nacional feito pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil de São Paulo (Sinduscon-SP). ;Haverá um dia em que os preços chegarão a um limite, mas o certo é que, por enquanto, não há investimento melhor do que imóvel;, comenta Miguel Setembrino, presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do DF (Fecomércio-DF), entidade à qual o Secovi-DF é associado.

Para o presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do DF (Ademi-DF), Adalberto Valadão, os preços na capital do país ainda podem e devem crescer. ;Temos um mercado ainda muito jovem, mas que está aquecido em todo o DF. A valorização dos imóveis é inerente ao avanço do setor;, sustenta.

O avanço das construtoras para cidades como Samambaia, Ceilândia, Sobradinho e Gama, onde mais empreendimentos são lançados semanalmente, impulsiona o mercado ainda mais. ;Desde que o financiamento imobiliário permitiu que o sonho da casa própria coubesse no bolso das classes mais baixas, o crescimento nessas regiões se tornou viável;, explica Valadão.

O DF acompanha o bom momento da economia brasileira. A população, nos últimos anos, ganhou mais renda e emprego. A indústria e o comércio estão produzindo mais. Com isso, a demanda por imóveis não para de crescer. A oferta reduzida, por conta, em grande parte, das limitações urbanísticas da cidade, faz os preços subirem com mais facilidade.

A partir de agora, o mapa dos valores para a venda e aluguel de imóveis usados será divulgado mensalmente pelo Secovi-DF. A parceria com a Econsult(1) começou a ser desenhada no ano passado e o contrato foi assinado há cinco meses. Com os números dos próximos meses, os coordenadores da pesquisa pretendem identificar as tendências e mapear com mais precisão o mercado imobiliário de Brasília.

1 - Empresa júnior
A empresa foi fundada em 15 setembro de 2001 por iniciativa de estudantes de graduação do Departamento de Economia da UnB. Ela realiza projetos para pequenas, médias e grandes empresas bem como para instituições governamentais.

Novos empreendimentos

No ano passado, os lançamentos de empreendimentos imobiliários no Distrito Federal movimentaram R$ 4,3 bilhões em vendas de unidades. Este ano, segundo informações da Fecomércio-DF, o montante alcançou, até 30 de julho, R$ 3,2 bilhões. A expectativa é que, em dezembro, esse número chegue a R$ 6 bilhões, consolidando o DF como o segundo mercado imobiliário do país, ultrapassando de vez o Rio de Janeiro e ficando atrás apenas de São Paulo.

Em 2010, apenas a empresa Lopes Royal lançou 16 empreendimentos, o que corresponde a 4,6 mil unidades e um valor geral de vendas (VGV) de R$ 1,1 bilhão. Até o fim do ano, serão mais cinco prédios, aumentando o VGV para R$ 2,2 bilhões. ;Antes mesmo do lançamento, já temos dezenas de clientes cadastrados, com disposição para comprar. O mercado está seguro e aquecido;, comenta o diretor comercial da empresa, Leonel Netto.

As vendas durante o período de apresentação dos empreendimentos surpreendem os próprios empresários. ;E há espaço para mais crescimento. Nunca ouvi dizer que um imóvel caiu de preço. Chegará um dia em que a valorização será menor, mas ela nunca vai recuar;, defende o diretor de vendas da MGarzon, Antônio Rodrigues.