O último boletim médico sobre o estado de saúde do garoto de 11 anos, atingido por um tiro nas costas no dia 7 deste mês, deixou os pais dele confiantes: ;meu filho vai se recuperar;, desabafou o garçom Antônio Paulo, 38, ontem, por telefone. Ricardo* saiu do coma e, segundo a última avaliação dos médicos do Hospital de Base (HBDF), está 90% curado da pneumonia que contraiu. Mas a bala de pistola calibre .40 continua alojada na coluna da vítima.
O menino recebeu um tiro nas costas durante a abordagem policial ao grupo dele, na Fercal, em Sobradinho II. De lá para cá, muitas divergências nos depoimentos de policiais militares e amigos da vítima impedem à Polícia Civil de concluir se o caso trata-se de um acidente ou se o disparo efetuado pela arma do soldado Wander Martins de Souza, 38, lotado no 13; Batalhão de Polícia Militar (Sobradinho), foi intencional.
Em depoimento, o policial militar alegou que a arma havia disparado após ele se desequilibrar e cair próximo ao local onde Ricado, o irmão de 18 anos e dois amigos estavam: na Quadra 12 do setor conhecido como Boca do Lobo. O ;cascalho;, presente no solo acidentado da rua teria provocado o tombo dele. Mas os jovens foram unânimes em declarar que o soldado Wander chegou atirando na direção deles. A polícia espera esclarecer a questão com a conclusão do laudo de exame do local, realizado no dia do crime.
Alojada
O pai tem passado dias e noites no HBDF. Na semana passada, Ricardo piorou e foi induzido ao coma. Entubado e respirando com a ajuda de aparelhos, o menino teve, ainda, infecção no pulmão esquerdo. Desde ontem o menino respira normalmente e está consciente. `Hoje, eu fiz cócegas nas pernas dele, que sentiu`, contou Antônio, com a voz embargada.
Os médicos, no entanto, não puderam retirar a bala, alojada na coluna da vítima. A lesão, segundo Antônio, é grave. ;A bala perfurou, segundo os médicos, uma das vértebras da coluna dele;, disse o pai. A informação não desanimou o garçom. Principalmente, depois da última conversa que os dois ; pai e filho ; tiveram no hospital. ;Ontem, ele me disse que está confiante que vai voltar a andar;, revelou.
* Nome fictício por exigência do Estatuto da Criança e do Adolescente.