Jornal Correio Braziliense

Cidades

Cartilha dita o comportamento

Poucos dias antes das demissões, o secretário Marcelo Aguiar elaborou uma circular endereçada aos diretores regionais em que recomenda a leitura da cartilha de condutas vedadas aos servidores em face das eleições, além de decreto publicado em 1; de julho pelo governador com normas para o desempenho das atividades dos funcionários no período de campanha.

Além disso, Aguiar baixou uma ordem expressa comunicada na mesma circular de número 67. Proíbe os comissionados da rede de ensino de tirar férias em agosto e setembro. ;Visando evitar quaisquer entendimentos distorcidos quanto às ações dos servidores ocupantes de cargo em comissão das Diretorias Regionais de Ensino, mesmo fora do expediente de trabalho, o eventual usufruto de férias marcado para os meses de agosto e setembro deverá ser suspenso, devendo ser alterado para outro período;, diz o secretário de Educação.

Uso da máquina
O grupo ligado a Valente acusa Aguiar de demitir os diretores regionais a pretexto de coibir o uso da máquina para fazer campanha, quando, na verdade, o secretário apenas teria substituído os correligionários de Valente por uma turma de diretores sintonizada aos interesses políticos da nova administração, simpática, portanto, a candidatos como Rejane Pitanga (PT) e Eduardo Lopes (PDT). Os dois concorrentes, assim como José Valente, que é filiado ao PMDB, disputam a preferência dentro da rede educacional com candidaturas lançadas na mesma coligação liderada pela dobradinha PT e PMDB.

Durante período de registro de candidaturas, petistas tentaram convencer Valente a abrir mão da disputa em nome de Rejane. Na época, o ex-secretário se consultou com Tadeu Filippelli, presidente regional do PMDB e vice na chapa de Agnelo Queiroz (PT). Filippelli encorajou Valente a continuar na disputa, mesmo com a resistência de petistas. Só não conseguiu evitar que no meio da campanha os cabeças de uma rede de apoio a Valente fossem excluídos da Secretaria de Educação. (LT)


Valente nega influência
Secretário de Educação por três anos durante gestão de Arruda, o candidato a distrital José Luiz Valente confirmou ao Correio que faz campanha com enfoque na rede educacional. Negou que tenha usado de sua influência com os diretores regionais para discutir política durante o expediente de serviço de servidores da secretaria. E assumiu autoria da planilha em que faz um ;cálculo otimista; sobre o número de eleitores que pode atingir no universo escolar. ;Só sou candidato porque avançamos bastante na educação do DF. Não daria para fazer campanha entre os corretores de imóveis;, diz. E insiste: ;É absolutamente inverídico que tenha participado de qualquer reunião em horário de expediente. A única vez que me reuni com diretores de escola foi em Samambaia e não era em local público.;

Atual secretário de Educação, Marcelo Aguiar reafirmou que as demissões de diretores regionais tiveram como principal motivo indicadores de desempenho. Ele confirmou, porém, a existência de denúncias do uso da máquina para campanha em favor de candidatos. Avisou que tomou medidas como a edição da circular 67 com objetivo de coibir a campanha entre servidores no horário de serviço. Desmentiu a versão de que a medida atenda a interesses políticos. ;Todas as minhas ações foram no sentido de evitar o uso da máquina para beneficiar candidato A ou B. Esse não é o nosso papel. Em horário de expediente, todos têm de estar com a cabeça voltada para o bom desempenho com os estudantes;, diz Aguiar.

Ex-presidente da CUT, Rejane Pitanga, que é candidata a distrital, atuou durante anos como dirigente do Sindicato dos Professores (Sinpro). Ela afirma que respeita a candidatura de Valente, mas, apesar de o ex-secretário fazer parte da mesma coligação, não esconde suas diferenças com ele. ;Ele está vinculado a um modelo de gestão problemático, participou do governo Arruda e considero que temos trajetórias absolutamente diferentes;, disse, numa clara demonstração de que, se depender dela, a disputa por eleitores na rede de educação não terá trégua, nem entre concorrentes de uma mesma coligação. (LT)